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Equipe da UFV recebe medalha de ouro na maior competição de engenharia de sistemas biológicos do mundo

08/11/2022

No palco do evento, estudantes da equipe vencedora comemoram após receberem o prêmio. Eles usam camisas vermelhas da equipe.

A equipe também ficou com o troféu de melhor hardware

O time iGEM UFMG-UFV recebeu medalha de ouro e prêmio de melhor hardware na International Genetically Engineered Machine (iGEM Global), maior competição de engenharia de sistemas biológicos do mundo, promovida pelo Massachusetts Institute of Tecnology (MIT). O projeto do time composto por estudantes e pesquisadores das universidades federais de Viçosa e de Minas Gerais foi indicado para três das cinco categorias da competição: Integração com a Comunidade, Desenvolvimento Sustentável e Inovação Terapêutica. Nessa última, ele ficou entre os cinco melhores projetos terapêuticos. A excelente notícia foi recebida durante a iGEM Grand Jamboree, fase final da competição, que aconteceu em Paris (França), entre os dias 26 e 28 de outubro. Participaram 361 equipes, representantes de 77 países.

A premiação é o reconhecimento de um trabalho iniciado em janeiro, conforme já havia sido divulgado no site da UFV. Desde o início do ano, a equipe iGEM UFMG-UFV estava trabalhando num projeto que tinha como proposta o uso de probióticos no tratamento de doenças intestinais causadas por parasitas. Essas doenças, que constituem um problema de saúde pública, afetam 36% dos brasileiros e 1,5 bilhão de pessoas em todo o mundo. Como ocorrem especialmente em crianças e adolescentes, podem levar à redução do desenvolvimento físico e mental devido à desnutrição provocada pelos vermes.

Na tentativa de minimizar este problema, a equipe desenvolveu uma bactéria probiótica com capacidade de produzir uma enzima que elimina vermes intestinais. Os pesquisadores desenvolveram novas sequências de DNA que permitiram às bactérias probióticas, produtoras de compostos bioativos dentro da célula, jogar esses compostos para fora da célula sem necessidade de rompimento dela. A equipe produziu ainda um hardware de baixo custo para o cultivo destes probióticos, mesmo em ambientes sem infraestrutura laboratorial, como acontece nas regiões mais carentes, cujas populações são afetadas pelas verminoses. Além de toda a inovação do hardware proposto, o custo dele também é significativo, girando em torno de 300 dólares. Este valor está bem abaixo do preço dos equipamentos do mercado, que varia de 10 a 150 mil dólares.

Na avaliação do professor Tiago Mendes, do Departamento de Bioquímica e Biologia Molecular (DBB), orientador da equipe da UFV, as sequências de DNA e o protótipo de equipamento são interessantes para a indústria de produção de biocompostos de microrganismos, uma vez que possibilitam a redução de custos. Com a utilização das novas sequências de DNA, já que a célula não precisará ser mais rompida, ela poderá ser aproveitada em outro ciclo de produção industrial de bioativos. Além disso, ao jogar os compostos para fora da célula, fica mais fácil purificá-los para uso em produtos, segundo o professor. Serão necessárias menos etapas na indústria para esta purificação, afetando positivamente a redução do custo de produção.

Premiação

No iGEM 2022 Grand Jamboree, os projetos são apresentados a um júri de pesquisadores e professores de todo o mundo, que levam em conta a relevância das propostas para a sociedade, o grau de inovação delas, o desenvolvimento metodológico e a validação dos resultados.

As representantes da UFV na apresentação em Paris foram Luiza Possa, doutoranda do Programa de Pós-graduação em Bioquímica Aplicada, e Lívia Gallinari, estudante de Bioquímica. “Felizes e emocionadas com as indicações, principalmente, com as premiações recebidas”, elas definem a experiência como “indescritível”. “Saber que um time brasileiro conseguiu alcançar prêmios tão importantes, concorrendo com estudantes do mundo inteiro, é muito gratificante”, avalia Luiza. “Isso prova que fazemos ciência de muita qualidade no Brasil e que devemos valorizar cada vez mais o nosso trabalho e a nossa pesquisa”.

O professor Tiago compartilha dessa opinião. Para ele, além do reconhecimento do “trabalho duro e responsável de toda a equipe”, o resultado no iGEM 2022 mostra que o Brasil e as universidades mineiras fazem pesquisa de qualidade e de competitividade mundial. Demonstra a excelência científica e tecnológica que pode ser explorada no desenvolvimento de novos produtos para melhorar a qualidade de vida da população.

Com a premiação em mãos, a expectativa da equipe daqui pra frente é manter o desenvolvimento do projeto para validar as últimas etapas após a competição, com o objetivo de gerar uma publicação internacional de divulgação das metodologias e resultados. Também será estudada a possibilidade de transferência de tecnologia para que o produto possa seguir nas demais etapas de validação e registro e, quem sabe, chegar à população no futuro.

Sobre a equipe

O iGEM UFMG-UFV está instalado no Laboratório de Biotecnologia Molecular do DBB e no Biohackerspace IdeaReal, na UFMG. Do time da UFV, além de Luiza Possa e Livia Galinari, participam os estudantes de Bioquímica Arthur Wakim, Pedro Rocha e Sávio Mendes. Ao todo, são 19 membros ativos e oito mentores da UFV, UFMG e das universidades federais de Ouro Preto, São João del-Rei e ABC, com atuação em diferentes áreas do conhecimento, como Bioquímica, Farmácia, Biomedicina, Bioinformática, Medicina, Design e Ciências da Computação.

Mais detalhes podem ser conferidos no Instagram do projeto.

Divulgação Institucional

A equipe vencedora posa para foto diante de um painel com a logo e o nome do evento. No centro, um deles mostra o troféu.

Estudantes e pesquisadores da UFV e UFMG integram o time premiado