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Professor da UFV está entre os cientistas brasileiros mais citados no mundo

27/11/2025

O professor Francisco Murilo Zerbini Júnior, do Departamento de Fitopatologia da UFV, está entre os 17 cientistas brasileiros mais citados no mundo, de acordo com a Plataforma Clarivate — empresa norte-americana especializada em análises de produção acadêmica e científica. A lista, referente ao período de 2014 a 2024, foi divulgada neste mês e reúne pesquisadores que se destacaram em áreas como agronomia, biologia, ciência da computação, engenharia, física, medicina, matemática e psicologia.

Segundo a Clarivate, o ranking é elaborado exclusivamente com base em citações bibliográficas. São considerados apenas artigos que atendem às diretrizes dos Indicadores Essenciais Científicos (ESI), ou seja, publicados em periódicos indexados na Web of Science e com impacto bibliométrico relevante.

Pesquisas com vírus causadores de doenças

Desde o início de sua carreira como professor e pesquisador na UFV, Murilo Zerbini, que também atua como assessor especial da Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação, dedica-se ao estudo dos geminivírus, um grupo de vírus que infecta plantas de grande importância econômica. Ele explica que, à época, uma nova espécie de inseto vetor havia sido introduzida no Brasil, favorecendo o surgimento desses vírus em vários estados.“Nossos trabalhos iniciais, em colaboração com grupos de Brasília e São Paulo, caracterizaram esses vírus e mostraram que eram todos ‘nativos’, nunca antes relatados. Isso me levou ao campo da taxonomia, pois esses novos vírus precisavam ser classificados como novas espécies”, lembra o professor.

Em 2002, Zerbini passou a integrar o Grupo de Estudo de Geminivírus do Comitê Internacional de Taxonomia de Vírus (ICTV). Em 2016, ingressou no comitê executivo do ICTV, do qual é presidente desde 2020. Segundo ele, embora os estudos sobre geminivírus sempre tenham recebido boa repercussão, foram as publicações na área de taxonomia, especialmente após 2016, que o colocaram na lista dos mais citados. “Os trabalhos com geminivírus repercutem quase exclusivamente entre virologistas que estudam vírus de plantas, que são poucos. Já os estudos sobre classificação e nomenclatura de vírus em geral — que englobam organismos que infectam plantas, animais, fungos e bactérias — têm um impacto muito maior”.

Sobre o mérito dos rankings

Presente no ranking da Clarivate na área de Microbiologia desde 2021, o professor destaca que muitos pesquisadores realizam trabalhos excelentes, mas em campos muito específicos, o que naturalmente gera menos citações. “Trabalhos mais aplicados também tendem a ser menos citados do que pesquisas básicas, como as de taxonomia. Minha maior satisfação de estar nesta lista é divulgar o nome da UFV, uma universidade ainda pouco conhecida fora das ciências agrárias”, afirma.

Apesar da satisfação, Zerbini lamenta que o número de pesquisadores baseados no Brasil presentes na lista ainda seja muito pequeno. “O ranking completo tem 7.131 pessoas. A Coreia do Sul tem 76 pesquisadores, e a Bélgica, com apenas 11 milhões de habitantes, tem 81. Sabemos que a ciência é altamente segregada e que existe um ‘citation bias’ — se um grupo brasileiro e outro belga ou coreano publicam artigos equivalentes, o brasileiro tende a receber menos citações. Mas só isso não explica a discrepância”, analisa.

Para o professor, as dificuldades estruturais enfrentadas por quem faz ciência no Brasil e na América Latina tornam ainda mais desafiadora a realização de trabalhos reconhecidos internacionalmente. “Diante de tantos obstáculos, é até surpreendente que tenhamos 17 brasileiros nessa lista”.