Premiação

Campus Viçosa

Artigo produzido no âmbito da pós-graduação em Ecologia recebe prêmio da revista científica Biotropica

28/10/2025

O artigo How do birds and ants contribute to the recruitment of a tropical tree? (Como aves e formigas contribuem para o recrutamento de uma árvore tropical?, em tradução livre), produzido no âmbito do Programa de Pós-Graduação em Ecologia (PPGECO) da UFV, recebeu o Prêmio Peter Ashton — na categoria estudante — da revista científica Biotropica. O trabalho foi liderado pelo então doutorando José Eduardo Falcon (à direita, na foto) e contou com contribuições de outros pesquisadores e colegas do PPGECO e do Laboratório de Ecologia de Comunidades e Ecossistemas Tropicais (EcoTrop), incluindo seus orientadores no doutorado e no mestrado, respectivamente os professores do Departamento de Biologia Geral Lucas Paolucci  (à esquerda, na foto) e José Henrique Schoereder.

Anualmente, o conselho editorial da Biotropica seleciona e premia artigos que se destacaram no ano anterior. Os critérios de seleção, de acordo com a revista científica, incluem “clareza de apresentação, sólida base em história natural, delineamento experimental ou amostral bem planejado e insights obtidos em processos críticos que influenciam a estrutura, o funcionamento ou a conservação de sistemas tropicais”. No caso, o artigo, publicado em 2024, retrata parte da trajetória de pesquisa de José Eduardo e mostra a relevante interação de dispersão de sementes por aves e formigas e a regeneração de vegetação.

José Eduardo contou à Biotropica que o mestrado despertou seu interesse por funções ecológicas, especificamente pela dispersão de sementes. Foi então que ele direcionou seus estudos, que também envolviam a fauna, até estabelecer uma investigação sobre como aves e formigas poderiam influenciar o recrutamento (ou estabelecimento) de uma árvore pioneira (capaz de ocupar áreas degradadas, promovendo a recuperação de um ecossistema) na Mata Atlântica.

A árvore em questão foi a Xylopia sericea — popularmente conhecida como pindaíba, pindaíba-boca-seca ou pimenta-de-macaco, entre outros — e, como resultados, o agora doutor em Ecologia observou que aves e formigas trabalham complementarmente nesse processo. “As aves funcionam como dispersores de longa distância, carregando sementes para longe das plantas-mãe; 20 vezes mais distante do que as formigas, uma distância em que as sementes têm mais chances de sobreviver e germinar”, José Eduardo explicou. As formigas, apesar de realizarem o transporte de sementes em distâncias menores, fazem isso de maneira mais intensa: “mais do que o dobro do número de sementes que as aves” (imagens abaixo). E as formigas levam sementes para perto de seus ninhos, locais ricos em nutrientes, onde as mudas têm melhores condições para germinar e se estabelecer, segundo ele.

Foto: José Eduardo Falcon

A revista científica expõe a descoberta de que esse sistema de dispersão “aumentou o recrutamento de plantas em quase 29% em comparação com o que seria alcançado apenas pelas aves”.

José Eduardo disse que tanto ele quanto os colaboradores do artigo se sentiram honrados com o Prêmio Peter Ashton. Ele salientou que a Biotropica é uma revista científica conceituada na área da ecologia tropical e “publicar o artigo nela foi, por si só, uma grande alegria”. A premiação também foi uma grata surpresa: “uma validação de todo o trabalho desenvolvido ao longo dos meus anos aqui na UFV e uma afirmação de que fizemos um trabalho de destaque”.

O pesquisador defendeu sua dissertação de mestrado em 2017 e sua tese de doutorado em meados de 2025.

O artigo premiado está disponível na internet e o depoimento de José Eduardo à Biotropica está no site da revista científica — em inglês.