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Professor Murilo Zerbini está entre os 14 pesquisadores brasileiros mais influentes do mundo

03/12/2024

O professor Francisco Murilo Zerbini Júnior, do Departamento de Fitopatologia da UFV, é um dos 14 pesquisadores brasileiros mais influentes do mundo, de acordo com o levantamento anual Highly Cited Researchers da consultoria acadêmica Clarivate Analytics. 

A lista reconheceu 6.636 cientistas que tiveram o maior número de trabalhos publicados no último ano. O ranking considera a quantidade de citações em artigos e de patentes, entre outras métricas de produtividade e liderança na comunidade acadêmica. 

Citado na categoria Microbiologia, Murilo Zerbini conduz um programa de pesquisa básica que estuda a ecologia e a evolução de vírus. Para isso, utiliza como modelo os geminivírus, um grupo de vírus que infecta plantas. Ele é também especialista em taxonomia e editor de diversos periódicos da área de virologia. Somente nos últimos 10 anos, o professor contabilizou 105 artigos publicados.

Desde 2020, preside o Comitê Internacional de Taxonomia de Vírus (ICTV), o primeiro dirigente que trabalha em um país do Sul Global. Na UFV, além de docente, Murilo é assessor da Pró-reitoria de Pesquisa e Pós-graduação (PPG). 

 

Sobre o ranking

Rankings, como os da Clarivate Analytics, usam o termo “pesquisadores mais influentes” para aqueles que foram mais citados pela comunidade científica internacional. Os temas estudados pelo professor da UFV têm, de fato, ganhado grande importância internacional. Pesquisas de ecologia e evolução de geminivírus, conduzidas por Murilo Zerbini, em colaboração com outros grupos de pesquisadores no Brasil e no exterior, levaram à caracterização de um complexo viral que afeta a produção agrícola no país, principalmente no tomateiro e no feijoeiro.

Segundo Zerbini, esses estudos demonstraram que plantas nativas são a fonte de vírus para plantas cultivadas. Assim, "nossa pesquisa atual tem como objetivo compreender os fatores que levam à emergência de novos vírus a partir de populações naturais”. Ele explica ainda que esse tipo de estudo ganhou muita atenção durante a pandemia de covid-19, pois a explicação mais provável para a origem do vírus é sua transferência de um hospedeiro selvagem para os humanos.

Embora os fatores que afetem esse processo sejam diferentes em plantas e animais, podem existir semelhanças. “O estudo em plantas tem uma série de vantagens do ponto de vista de biossegurança, por isso, nossos trabalhos têm impacto e são bastante citados”.

Em outra linha, desde 2015, no ICTV, o pesquisador da UFV tem conduzido um complexo trabalho de reformulação da taxonomia de vírus, incorporando dados de metagenômica, ampliando o número de categorias taxonômicas (de 5 para 15), e construindo uma taxonomia com seis "domínios", indicando seis eventos independentes de origem dos vírus.

Embora extremamente polêmica na época, a decisão do ICTV provou-se correta e revolucionou não apenas a taxonomia, mas todo o entendimento do relacionamento evolucionário entre os vírus. “Esses trabalhos tiveram enorme impacto na virologia como um todo e, novamente, por conta da pandemia de covid-19, atraíram a atenção do público leigo, além de possuírem centenas de citações".

 

Pesquisa no Brasil

Sobre estar na seleta lista de pesquisadores mais influentes do mundo, Murilo Zerbini lamenta que o número de brasileiros seja ainda extremamente baixo. “Existem departamentos de universidades americanas com mais pesquisadores na lista do que todo o Brasil. A meu ver, isso reflete primeiramente a grande dificuldade de se fazer ciência por aqui. Nosso trabalho é uma luta constante contra todo tipo de obstáculo. Também persiste no Brasil uma visão de que ciência básica não vale o investimento”, disse ele ao lembrar que não existe ciência aplicada sem ciência básica, e que nenhum país avança se não for forte nas duas.

O professor da UFV também lamenta que trabalhos publicados em países desenvolvidos sejam mais citados em detrimento de pesquisas equivalentes publicadas em países em desenvolvimento, como o Brasil. “Aqui, trabalhamos com muito menos recursos e, ainda por cima, pagando mais caro por equipamentos e insumos. Mesmo quando conseguimos publicar um artigo relatando resultados importantes, eles são menos citados do que um artigo publicado por um americano ou um europeu”, disse.