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Campus Viçosa

Algumas histórias e motivos de quem vem à Semana do Fazendeiro

18/09/2024

Quantos motivos uma pessoa tem para vir à Semana do Fazendeiro? No mínimo, um diferente para cada participante. Nesta experiência de troca, cada um traz para a UFV sua história de vida, seus interesses, suas expectativas de futuro. Daqui, leva respostas, alimenta sonhos e ganha perspectivas. E, se em alguns casos, o futuro não promete ir muito longe, a história se impõe como estímulo. É o caso de Dona Dilma Ramos, 82 anos, pequena produtora rural em Macaé (RJ). Ela veio pela primeira vez em 1972. Desde então, só "pulou" o período da pandemia; não se deu bem com as tecnologias virtuais. Este ano, recém-saída de uma cirurgia, veio em busca de cursos que a ajudem a diversificar a criação de gado em sua propriedade, que toca quase sem ajuda. “Tudo o que sei sobre alimentação e recria eu aprendi aqui na Semana do Fazendeiro", disse ela, prometendo voltar ano que vem, aos 83, se tiver saúde.

Participantes da Semana do Fazendeiro saindo para os locais dos cursos

Também de olho no futuro está Vinícius Andrade, produtor de Macaúba, em Pompéu (MG). Com pouco mais de 30 anos, ele estava na fila do ônibus que o levaria ao curso de apicultura. Vinícius já conhece a importância das abelhas para a polinização das plantas que produz, mas precisava saber mais sobre o cultivo e manejo de colmeias na propriedade. Ele também fez um curso de drone na agricultura. “O manejo no campo mudou muito. O drone vai me ajudar a monitorar pragas, entender melhor o sistema e as estratégias para manejo e colheitas. Não dá para aprender tudo em pouco tempo, mas os cursos e os professores mostram novos caminhos por onde podemos buscar mais informações e melhorar a produção”, explicou ele.

Juberto Santos também veio pela primeira vez. Por enquanto, é fiscal de meio ambiente, em Vitória (ES). Os cursos de drone e produção de alimentos que fez na Semana do Fazendeiro devem ajudá-lo a aprimorar seu trabalho. Mas ele também está de olho na aposentadoria, e, quem sabe, comprar um terrrinha para produzir o que aprendeu por aqui.

Entre tantos motivos, nem todos são exatamente para os negócios, mas para a vida toda. Ana Carolina Lopes é aluna de Zootecnia na UFV e se inscreveu em vários cursos sobre nutrição animal. Muita coisa ela já sabia em sua formação, mas queria estar atenta aos colegas de turma: “conhecer os produtores e os que vivem no dia a dia das propriedades me ajuda a entender melhor o que precisam. Eu vim atrás de aprender a me comunicar com eles, o que vai me ajudar muito como profissional”. Também estudantes, só que de Agronomia em Teixeira de Freitas (BA), Thalita Guidoni e Ana Maria Tigre vieram pela fama da Universidade. “Nossos professores estudaram aqui e organizam caravanas para nos dar essa oportunidade de conhecer e fazer cursos n UFV”, afirmaram.

Há coisas que muitos participantes já sabiam, mas faltava sistematizar. Muitas vezes, o mérito do conhecimento é justamente esse: organizar as informações para encontrar nexos e caminhos. Matosinha Cireli, por exemplo, sempre foi empreendedora na pequena fazenda que tem em Carangola (MG). Mas foi no ano passado, quando participou pela primeira vez da Semana da Mulher Rural, que entendeu que era protagonista de sua própria vida e do trabalho que realizava. Empoderada pela nova palavra descoberta, ela voltou este ano. Estava animada para a palestra de abertura do evento, quem sabe para se sentir novamente autorizada a ser mais que coadjuvante, outra nova palavra que aprendeu, mas com a qual Matosinha não se identificou. “Estou achando que a senhora vai aprender que é uma feminista”, disse a repórter a ela. “E isso é bom? Se for, eu sou!”, respondeu, com uma boa gargalhada.

As histórias são muitas. Há quem venha pelos amigos que fez em outras edições, para conhecer tecnologias, para aprender um novo negócio ou aprimorar hobbies, como cozinhar e fazer artesanatos. Também é muito fácil encontrar pelo campus Viçosa pessoas que vêm pelas flores. Nos estandes da Semana do Fazendeiro, a tentação é grande e, em casa, sempre cabe mais uma.

 

Palestras apresentam temas sobre o protagonismo, direitos e oportunidades para as mulheres rurais