Institucional
Todos os campi
18/03/2022
Juntamente com o ensino e a pesquisa, a partir de agora a extensão também fará parte da matriz curricular de todos os cursos de graduação da UFV. A resolução 06/2022, aprovada pelo Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (Cepe) e divulgada em 15 de março, regulamenta as atividades acadêmicas de extensão na forma de componentes curriculares para a graduação. E, conforme a resolução, “a creditação da extensão não se restringe ao aproveitamento de carga horária de atividades extensionistas para efeitos de integralização curricular, mas, sim, de sua inclusão criativa no projeto pedagógico dos cursos, como elemento fundamental do processo de formação profissional e de produção do conhecimento”.
A “curricularização da extensão” atende à Lei no. 13.005/2014, que aprovou o Plano Nacional de Educação (PNE). Uma de suas metas dispõe sobre a necessidade de se “assegurar, no mínimo, 10% (dez por cento) do total de créditos curriculares exigidos para a graduação em programas e projetos de extensão universitária, orientando sua ação, prioritariamente, para áreas de grande pertinência social.”
Apesar dos quase oito anos da lei, a UFV intensificou os estudos para a sua implementação a partir de 2019. Desde aquele ano, as pró-reitorias de Ensino (PRE) e de Extensão e Cultura (PEC), juntamente com as diretorias dos campi Florestal e Rio Paranaíba, estão empenhadas em regulamentar essa creditação. Em torno do tema foram realizados cursos e seminários envolvendo especialistas da UFV e de outras instituições. As discussões que resultaram no texto da resolução aprovada pelo Cepe tiveram participação intensa das coordenações dos cursos de graduação e das comissões de Extensão dos departamentos, como conta o pró-reitor de Extensão e Cultura, José Ambrósio Ferreira Neto.
Para ele, a UFV deu um grande passo no fortalecimento de sua qualidade institucional com a aprovação pelo Cepe. “A creditação curricular das atividades de extensão nos cursos de graduação visa reafirmar a extensão universitária como processo acadêmico definido e efetivado em função das exigências da realidade e indispensável na formação do estudante. A extensão assume a condição indissociável do ensino e pesquisa, com centralidade no currículo e não como atividade complementar”.
Daqui para frente, caberá também à UFV conduzir seu trabalho no sentido de desenvolver e adaptar atividades de extensão e incorporá-las aos projetos pedagógicos dos cursos, de modo que elas respondam por, no mínimo, 10% da carga horária. Essas atividades poderão se configurar como programas, projetos, cursos, eventos e prestação de serviços. Mas, de acordo com a resolução, deverão garantir o protagonismo e a participação ativa do estudante e atender às especificidades de cada curso, mantendo seu caráter inerente de envolvimento com a comunidade.
O pró-reitor de Ensino, professor João Carlos Pereira da Silva, explica que as propostas a serem incorporadas nos projetos pedagógicos deverão ser encaminhadas e aprovadas pelas diretorias de Ensino dos campi Florestal e Rio Paranaíba e pelas câmaras de Ensino dos centros de ciências do campus Viçosa até agosto, para que passem por outras tramitações e sejam, finalmente, inseridas no Catálogo de Graduação de 2023. Elas passarão, portanto, a vigorar e a integrar a matriz curricular de todos os calouros a partir do próximo ano.
Na opinião do pró-reitor, a inserção da extensão definitivamente no cotidiano da Universidade coloca a instituição num cenário de mudança de paradigma e de cultura, que, em anos de experiência em educação, ele só lembra de ter vivenciado no final da década de 1990. A partir das diretrizes curriculares nacionais, foram incorporadas, naquela época, alterações profundas nos projetos pedagógicos de todos os cursos de graduação da UFV. “Aquela também foi uma mudança de paradigma e sistêmica”.
O professor João Carlos considera que a atual empreitada deverá envolver toda a comunidade universitária dos três campi. “Não é uma ação isolada da PRE ou da PEC. Ela deverá contar com a participação das diretorias dos campi e dos centros, coordenações de cursos, docentes, estudantes e técnicos”, lembra. “Com a cooperação da comunidade universitária e de todos os atores envolvidos, certamente vamos avançar neste processo”. Para ele, "a resolução 06/2022 é concisa e objetiva em seu texto, mas bastante robusta e abrangente em seu alcance e dispositivos”.
Formação profissional
A inserção da extensão na matriz curricular dos cursos de graduação possibilitará melhor formação profissional aos egressos da UFV, na avaliação do professor José Ambrósio. Isso porque ampliará a necessária articulação entre teoria e prática para a formação acadêmica, bem como entre os conhecimentos científico e popular. A creditação também contribuirá, segundo ele, na formação cidadã dos estudantes, “pelo contato com as comunidades e diferentes saberes que cotidianamente interagem com a academia nas diversas atividades de extensão da Universidade”.
A professora Bianca Aparecida Lima Costa, do Departamento de Economia Rural, compartilha desta opinião. Ela que, em 2021, recebeu a medalha de Ouro Peter Henry Rolfs do Mérito em Extensão da UFV, considera que, para os(as) estudantes, a extensão universitária representa a possibilidade de interação com realidades diversas e com desafios reais da sociedade brasileira. “A interdisciplinaridade e interprofissionalidade, assim como o diálogo de saberes, são pilares importantes para formação profissional e cidadã. Este aspecto reforça o compromisso social e político das instituições de ensino superior com a melhoria das condições de vida, justiça e igualdade na sociedade brasileira”.
Embora a creditação seja uma diretriz já apontada desde 2014 no Plano Nacional de Educação, a aprovação pelo Cepe destas normas contribuirá, em sua opinião, “para o fortalecimento da indissociabilidade ensino, pesquisa e extensão, tripé fundamental das instituições de ensino superior”. Ela ressalta que “a incorporação da extensão em 10% da carga horária obrigatória dos cursos de graduação poderá representar um avanço nas ações prioritárias das instituições em relação à interação dialógica da comunidade acadêmica com a sociedade, especialmente no contexto em que vivemos de diferentes crises econômicas, sociais, políticas e ambientais”.
Para Bianca, a extensão deve ser compreendida como um caminho de mão dupla em que a própria universidade seja capaz também de se transformar e de incorporar as demandas de diferentes segmentos sociais nos projetos políticos pedagógicos dos cursos de graduação e também da pós-graduação. Além da incorporação curricular, ela também considera importante que haja um esforço na compreensão da extensão por parte da comunidade acadêmica.
A professora destaca ainda a necessidade de recursos. “Vimos que, nos últimos anos, os recursos para extensão e os programas de fomento, como o Programa de Extensão Universitária (Proext), especialmente em âmbito federal, têm reduzido drasticamente. Não podemos esquecer que não é possível realizar a extensão sem recursos”. Por isso, ressalta: “a comunidade acadêmica deve fazer um esforço no sentido de garantir a efetivação destas atividades. Os resultados e os impactos, com certeza, serão positivos para toda a comunidade e poderão gerar inovações seja no ensino, seja na pesquisa. Acredito que este deva ser um compromisso de todos(as)”.
Adriana Passos
Divulgação Institucional
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