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Campus Rio Paranaiba

Projeto Mudas que Ensinam estimula alimentação saudável e consciência ambiental de crianças em Rio Paranaíba

23/07/2024

"Envolver crianças em todas as etapas do processo de uma alimentação saudável, desde o plantio até a colheita, pode aumentar as chances de elas experimentarem novos alimentos e incluí-los em suas refeições". Essa foi uma das premissas que motivou a professora Karine de Oliveira Gomes, do curso de Nutrição, do campus Rio Paranaíba (CRP/UFV), a dar início ao projeto Mudas que Ensinam.

As atividades começaram em 2022, com a implantação de uma horta na Escola Municipal Professora Avelina Resende Boaventura, em Rio Paranaíba. Lá são realizadas atividades semanais com crianças de 4 a 6 anos para promover a consciência ambiental e incentivar a alimentação adequada e saudável. Elas plantam, cuidam, colhem e, a cada período letivo, os canteiros e culturas são renovadas. Já passaram pela horta mudas de alface, rúcula, berinjela, almeirão, mandioca, couve, cebolinha, salsa, coentro, açafrão e alho, dentre outras.

A horta passou a ser valorizada e utilizada como um recurso pedagógico para a formação das crianças e dos demais membros da comunidade escolar, no sentido de demonstrar também que práticas de produção agroecológica são viáveis e podem ser implementadas em qualquer espaço, visando otimizar a utilização dos recursos naturais e gerar menor impacto no meio ambiente”, destaca Karine.

Em vários momentos, as crianças têm a oportunidade de compartilhar os aprendizados adquiridos ao longo da sua participação no projeto. “Sempre recebo relatos sobre o impacto que o projeto causa nas crianças, principalmente relacionados à experimentação de novos alimentos. Todas as vezes que os gêneros alimentícios são colhidos, nós distribuímos entre as crianças para que elas possam levar para casa. Uma mãe, então, partilhou que a filha chegou com as beterrabas e pediu para que ela as cozinhasse porque a tia Karine tinha explicado que comer beterraba fazia crescer e ficar forte”, lembra a coordenadora do projeto.

Em três anos de atividades, cerca de 400 crianças foram atendidas não só a partir da horta, mas também de outras ações que buscam associar a ludicidade ao cuidado com o meio ambiente, dentre elas, a criação de brinquedos pedagógicos a partir de materiais reciclados, contação de histórias e desenhos com tinta feita de terra. Foram promovidas ainda visitas aos laboratórios, à biblioteca e à usina fotovoltaica no CRP/UFV e realizados piqueniques ao ar livre com as crianças nas áreas externas do campus, buscando incentivar a aproximação delas desde cedo com a Universidade.

Participantes

Davi Henrique Silva é um dos pequenos participantes do projeto. Ele diz que as atividades que mais gosta são regar e plantar na horta, conhecer diferentes tipos de pedra e usar o microscópio quando visita os laboratórios do campus Rio Paranaíba. A mãe do Davi, Maíza Cristina Silva, destaca que é muito grata pelo tanto de aprendizado que o seu filho está tendo, seja com as atividades na horta, ouvindo histórias encantadoras, seja nas visitas feitas na UFV. “Fico encantada com todo amor, cuidado, carinho e dedicação com que as crianças são tratadas. O projeto é maravilhoso! Todos os envolvidos estão de parabéns”.

Para a professora Joana Reis Rocha, da Escola Municipal Professora Avelina Resende Boaventura, que participa das atividades do projeto desde sua implantação, é visível a melhora no aprendizado das crianças. “Elas gostam e querem participar de todas as atividades. Fazem perguntas, se interessam pelos resultados e querem regar as plantas todos os dias.”

O projeto de extensão e pesquisa beneficia ainda os estudantes de graduação que atuam em suas atividades como bolsistas ou voluntários. Em três anos, já passaram por ele 40 discentes dos cursos de Agronomia, Ciências Biológicas, Nutrição e Engenharia de Produção. Como ressalta Karine Gomes, a equipe do projeto conseguiu criar um forte vínculo com as crianças e com toda a comunidade escolar. Esse contato tem sensibilizado os estudantes de graduação e propiciado “a ampliação da visão de mundo, conhecimento sobre os desafios inerentes à prática profissional e, sobretudo, a consciência de que não existe resposta individual para problemas que são coletivos”.

A estudante do curso de Ciências Biológicas Beatriz de Faria Alonso destaca que aprende todos os dias com o projeto, principalmente ao preparar as atividades e buscar formas de transformar assuntos complexos em uma linguagem que as crianças sejam capazes de entender. Segundo ela, é “uma experiência mágica” ser capaz de mudar uma geração a partir da partilha dos conhecimentos aprendidos sobre Agroecologia e Segurança Alimentar e Nutricional. “O carinho que tenho com o Mudas que Ensinam e pelas crianças é imenso. Sou muito grata de fazer parte de algo tão lindo. É o melhor projeto que já participei e, com toda certeza, uma das melhores partes da minha graduação”, afirma.

O Mudas que Ensinam é uma iniciativa bem-sucedida não só para os seus participantes. O projeto foi reconhecido também como uma experiência exitosa e selecionado para compor o Laboratório de Inovação em Educação Alimentar e Nutricional (LIS-EAN), uma iniciativa da Organização Pan-Americana da Saúde/Organização Mundial da Saúde, em parceria com o Ministério da Saúde.

Com tantos frutos já gerados, a expectativa é que o projeto se expanda. De acordo com Karine, a ideia é implantar a horta também na Escola Municipal Tancredo Neves, já que ela oferece os primeiros anos do ensino fundamental, e possibilitará a continuidade do trabalho iniciado com as crianças da educação infantil. Todas as novidades podem ser acompanhadas pelo Instagram do Projeto.

Todo ano é realizada uma cerimônia de formatura e as crianças recebem um certificado de participação no projeto, com um livro de história infantil doados por editoras. Já foram entregues os livros Receita para Bem Crescer, de Alessandra Roscoe, da editora Rovelle; e O Monstro das Cores, de Anna Llenas, da editora Aletria. Neste ano, a obra será Doçura, de Emília Nunes, da editora Tibi.