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Professora da UFV está entre as 50 pesquisadoras com mais descendentes acadêmicos

14/10/2021

Elizabeth Fontes já orientou 31 doutores e 45 mestres

Recentemente, o pesquisador Helder Nakaya, professor da Universidade de São Paulo, criou uma lista com 50 nomes de mulheres brasileiras que têm contribuído para a ciência mundial, com suas pesquisas e orientações em mestrado e doutorado. A partir dessa lista e de dados de 1,4 milhão de pesquisadoras disponíveis na plataforma Acácia, Nakaya filtrou os descendentes acadêmicos dessas mulheres. O resultado gerou uma rede, representada por uma imagem produzida pelo Computational System Biology Laboratory que o professor coordena.

Na imagem aparecem milhares de pontos interligados, cada um deles simboliza cientistas (ou aspirantes a cientistas) de diferentes gerações impactados por essas mulheres. E entre as 50 pesquisadoras responsáveis por “gerar” esses pontos está uma professora da UFV: Elizabeth Pacheco Batista Fontes, do Departamento de Bioquímica e Biologia Molecular. Ela é membro (titular) da Academia Brasileira de Ciências, um dos critérios de Nakaya para a formação da lista, conforme texto divulgado pelo site da UFMG.

Há 30 anos atuando como professora/pesquisadora, Elizabeth Fontes já orientou 31 doutores, 45 mestres e mais de 70 estudantes de iniciação científica. Para ela, é absolutamente gratificante ser reconhecida pela formação de recursos humanos de qualidade. “A formação profissional dos estudantes é o maior benefício da profissão de professor(a) universitário(a)”.

Em sua avaliação, a carreira de um(a) professor(a) universitário(a) não se resume simplesmente em reproduzir livros textos para os estudantes. “O processo de ensinamento demanda que o/a professor(a) esteja engajado(a) no desenvolvimento de pesquisas, cujos conhecimentos adquiridos são compartilhados em primeira mão com os estudantes”. Isso faz com que, na opinião da professora, o processo de aprendizagem seja fundamentado no desenvolvimento de senso crítico para a solução de problemas nas diversas áreas de estudo. “Esta logística de ensino-aprendizagem não somente forma o estudante profissionalmente, mas também o capacita para exercer uma profissão racionalmente e com criatividade”, afirma.

Sobre o que ela costuma incentivar nesta formação, Elizabeth Fontes destaca a valorização da qualidade acima de quantidade e a necessidade de se explorar o senso crítico na resolução de problemas, aceitar os desafios como novas oportunidades, além de inovar sempre e explorar a literatura científica como propulsão para criatividade.

Estar em uma lista de 50 mulheres torna inevitável uma reflexão sobre o caminho trilhado até aqui numa profissão ainda dominada pelos homens. Pela sua experiência, Fontes considera o processo de discriminação de pesquisadoras mais evidente nas próprias instituições. “Basta verificar como o número de mulheres com reconhecimento formal pelas próprias instituições é infinitamente menor do que os colegas pesquisadores”. Em seu caso específico, avalia que foi preciso, primeiro, ser reconhecida externa e nacionalmente pela Academia Brasileira de Ciências, para depois ser reconhecida internamente, na UFV.

Com dois filhos, hoje adultos, a maternidade a levou a adiar, no início da carreira, a formação acadêmica na pós-graduação, atrasando sua atuação como pesquisadora independente. Embora considere que este tempo nunca tenha sido recuperado profissionalmente, ela e o marido, também professor universitário, construíram uma estrutura familiar que a permitiu conciliar as atividades profissionais com as domésticas de forma harmoniosa.

Breve currículo

Elizabeth Fontes é graduada em Engenharia de Alimentos pela UFV, onde também obteve o título de mestre em Ciências de Alimentos, e é doutora em Biologia Molecular de Plantas pela North Carolina State University (Estados Unidos). É pesquisadora 1A do CNPq e coordenadora do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia (INCT) em Interações Planta-Praga e do Laboratório de Biologia Molecular de Plantas, no Instituto de Biotecnologia Aplicada à Agropecuária (Bioagro) da UFV. Além da ABC, também é membro da Ordem Nacional do Mérito Científico, classe Comendador.

As suas realizações em pesquisa a colocam em posição de vanguarda na elucidação de vias de sinalização de defesa da planta contra estresses bióticos e abióticos. Participou da identificação, em escala genômica, de componentes da via de sinalização de estresses do reticulo endoplasmático e suas interconexões com outras vias intracelulares de defesa.

Os resultados de suas pesquisas, compilados em 115 artigos e 10 capítulos de livros, têm levado ao desenvolvimento de processos biotecnológicos, com contribuições significativas para o sucesso da biotecnologia aplicada à agricultura. Suas pesquisas e orientações lhe renderam diversas premiações e distinções importantes. A última veio da Capes: uma tese orientada pela professora foi considerada a melhor do país na categoria Ciências Agrárias I.

Divulgação Institucional

Imagem produzida pelo Computational System Biology Laboratory