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Laboratórios da UFV sequenciam genomas do coronavírus e detectam novas variantes nas regiões de Viçosa, Ponte Nova e Alto Paranaíba

22/04/2021

O sequenciamento pode ser feito na região do genoma que codifica a proteína S ou no genoma completo

Os laboratórios da UFV credenciados pela Fundação Ezequiel Dias (Funed) para a realização de testes de detecção do novo coronavírus constataram que novas variantes do SARS-CoV-2 estão circulando em Viçosa e Ponte Nova e em municípios da região do Alto Paranaíba.

No caso dos municípios da Zona da Mata mineira, a equipe dos laboratórios do campus Viçosa selecionou 17 amostras para o sequenciamento, com base na carga viral mais elevada e em dados clínicos. Dessas, oito eram de Ponte Nova e nove de Viçosa, a maioria coletada na semana de 5 a 9 de abril. O resultado revelou a presença da variante B.1.1.7 em uma amostra, da B.1 também em uma amostra e da P1 em todas as outras. É importante destacar que a P1 já está disseminada em todo o estado de Minas, sendo a mais comum atualmente.  

A descoberta dos pesquisadores foi informada oficialmente à Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES), na última terça-feira (20), e pode explicar o aumento do número de casos de covid-19 na região. Isso porque a rapidez de transmissão da P1 já é reconhecida pela ciência. Embora seja responsável pela velocidade da disseminação da doença, ainda não se sabe, contudo, se essa variante também provoca sintomas mais severos ou afeta pessoas de outras faixas etárias. Estudos dessa natureza estão em andamento. Mas é importante que a população redobre os cuidados, o que significa intensificar o distanciamento social e o uso de máscaras e de álcool em gel.

Expansão do trabalho

A descoberta pelos laboratórios do campus Viçosa é resultado da expansão do trabalho de testagem para covid-19 que começou a ser realizado na UFV em abril de 2020. Até agora foram cerca de 50 mil testes. Desde o último dia 12, esse trabalho passou a incluir a detecção de variantes do SARS-CoV-2, que acontece por meio do sequenciamento ou genotipagem do genoma viral.

Segundo o coordenador do Laboratório de Ecologia e Evolução de Vírus do Departamento de Fitopatologia, professor Francisco Murilo Zerbini, o sequenciamento pode ser feito de duas formas: apenas na região do genoma que codifica a proteína Spike (S) - responsável pela entrada do novo coronavírus nas células - ou pelo genoma completo do vírus.

O professor explica que o sequenciamento da região, que codifica a proteína S, permite identificar as variantes já conhecidas e também selecionar amostras com mutações ainda não descritas para essa região, ou seja, possíveis novas variantes. Já o sequenciamento do genoma completo amplia o espectro da detecção, identificando as variantes já caracterizadas e também quaisquer outras que possam aparecer com mutações em outras regiões do genoma, além daquela que codifica a proteína S.

A genotipagem, por sua vez, é feita pelo mesmo método que vem sendo usado para a testagem, o RT-PCR em tempo real. Nesse caso, são usados reagentes específicos (primers e sondas) para detecção das principais variantes. A genotipagem, portanto, permite apenas a identificação das variantes já conhecidas.

Para a detecção das cepas verificadas em Viçosa e Ponte Nova, cinco amostras tiveram o gene S sequenciado e as outras 12 o genoma completo.

Rede Seq Covid MG

A UFV está realizando todo este trabalho como integrante da Rede Seq Covid MG, composta por profissionais e pesquisadores da Secretaria de Estado de Saúde, Funed, Prefeitura de Belo Horizonte e Universidade Federal de Minas Gerais. Os objetivos da Rede são mapear a distribuição das variantes já conhecidas e identificar novas em Minas Gerais. Os resultados da identificação e caracterização das variantes são encaminhados à SES para notificação. Todos os dados que chegam ali são disponibilizados no site da Secretaria.

No caso da UFV, a contribuição se dá com a genotipagem e o sequenciamento de amostras positivas dos municípios abrangidos pela Superintendência Regional de Saúde (SRS) de Ponte Nova, que inclui Viçosa, e Gerência Regional de Saúde (GRS) de Patos de Minas, que abarca Rio Paranaíba.

A meta da Rede Seq Covid MG é analisar, em todo o estado, mil amostras por mês para a presença de variantes, independentemente do método. Se tiver disponibilidade de recursos financeiros, a UFV tem capacidade para sequenciar cerca de 50 genomas completos, 100 amostras para o gene S, e genotipar 500, semanalmente.

Para o professor Zerbini, a realização deste trabalho de detecção de variantes e de sua prevalência permite acompanhar em tempo real a evolução do SARS-CoV-2 e fornecer informações básicas sobre a evolução do vírus, possibilitando, com isso, que se coloquem em prática ações mais eficientes de enfrentamento à covid-19. Em sua avaliação, participar deste processo, integrando a Rede Seq Covid MG, possibilita à equipe dos laboratórios da UFV interagir com pesquisadores de todo o estado em uma rede inédita de colaboração e compartilhamento de dados relacionados ao novo coronavírus e à doença.

Vale lembrar que a detecção das variantes é um trabalho conjunto que envolve o Laboratório de Biotecnologia Animal (Departamento de Zootecnia), Laboratório de Vírus (Departamento de Microbiologia/Bioagro) e Laboratório de Ecologia e Evolução de Vírus (Departamento de Fitopatologia/Bioagro). Além de professores e técnicos, a equipe inclui estudantes de pós-graduação. Na foto abaixo, um registro de Flávia de Souza (à dir.) e Renan Cascardo (2º da esq. para dir.), integrantes da equipe, com técnicos da empresa responsável pela manutenção dos sequenciadores.

Adriana Passos – Divulgação Institucional

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