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Pesquisa de mestrado avalia risco de queda de árvores

03/12/2020

A marca indica onde a análise com os tomógrafos foi realizada

Algumas árvores da avenida principal do campus UFV-Viçosa estão recebendo marcações em torno dos seus troncos e gerando muita curiosidade na comunidade. O motivo é científico: elas estão sendo analisadas pela mestranda do Programa de Pós-Graduação em Ciência Florestal Tamílis Emerick. A investigação, orientada pela professora Angeline Martini, tem o objetivo principal de aprimorar os parâmetros necessários para a avaliação do risco de queda de árvores urbanas por meio da comparação de diferentes metodologias.

A espécie em questão é a Spathodea campanulata, comumente chamada de espatódea ou bisnagueira. Para aqueles que não a conhecem pelo nome, Tamílis explica que é uma árvore de grande porte e que gera muitas flores alaranjadas, principalmente entre novembro e abril. A espécie foi escolhida depois da tempestade do dia 25 de outubro de 2019, que deixou muitos estragos no campus: “no dia seguinte a esse evento, fizemos um levantamento dos prejuízos às árvores e constatamos que a espécie mais afetada foi a espatódea, que totalizou 29% das ocorrências”, Angeline conta. De acordo com a professora, que integra uma comissão que trata especificamente do paisagismo da UFV-Viçosa, existem 43 espatódeas na avenida principal e todas serão investigadas. A idade delas não é exata, mas a estimativa é que tenham cerca de 50 anos, como indicado por uma outra pesquisadora do Programa de Pós-Graduação em Ciência Florestal, Valéria de Fatima Silva.

A queda de árvores é um dos desafios da arborização urbana. Analisar seu risco significa estimar a probabilidade de que toda ou parte da espécie vegetal possa cair e causar danos. No geral, Angeline esclarece que esse processo leva em conta o potencial de falha da árvore, os fatores ambientais e o alvo que pode ser atingindo. Se não existe alvo, não há risco: “naturalmente as árvores caem nas florestas, em determinados momentos, geram clareiras e contribuem para a dinâmica daquele ecossistema, sem que isso seja um problema. No entanto, nas cidades, não podemos esperar que isso aconteça, pois os prejuízos advindos são enormes”. Além disso, a professora afirma que as condições impostas ao desenvolvimento das árvores urbanas aceleram esse processo e, por isso, é fundamental aprimorar os procedimentos técnicos para a realização da análise.

Tamílis e Angeline estão trabalhando com quatro metodologias de análise visual e duas que dependem da utilização de tomógrafos. Por causa destas últimas, conforme a mestranda, é que cada espatódea está recebendo uma marcação em torno do seu tronco: a linha pintada na base indica onde a análise foi realizada. Segundo Tamílis, isso garante que, caso seja necessário repetir o procedimento, ele aconteça no mesmo lugar.

Especificamente, as pesquisadoras estão utilizando os tomógrafos sônico e de resistência elétrica, que fornecem dados sobre o interior das árvores – como a integridade da estrutura mecânica da madeira ou informações químicas que inferem sobre o teor de umidade do tronco, por exemplo. Os equipamentos foram emprestados pela Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig). De acordo com Angeline, o conflito entre árvores e redes de distribuição da Cemig é um dos principais causadores de interrupções no fornecimento de energia elétrica e a Companhia investe em pesquisas e busca de conhecimentos para amenizar tal situação.

As pesquisadoras ressaltam que a arborização urbana ainda é pouco pesquisada dentro da Ciência Florestal. “Muitas questões básicas ainda carecem de conhecimento científico, reflexo dos poucos centros de pesquisa na área existentes no Brasil”, Angeline conta. A pesquisa da Tamílis, segundo a orientadora, é inédita no Brasil, uma vez que o uso de tomógrafos é raro, devido ao custo elevado e a necessidade de pessoal treinado para manuseá-los. “Graças a essa parceria com a Cemig será possível aprofundar o conhecimento nessa metodologia e contribuir para o entendimento sobre o potencial de falha das árvores”.

Pesquisas como essa também podem aprimorar a tomada de decisão sobre o manejo das árvores urbanas, não só na UFV, como Tamílis destaca, mas em outras partes do país e do mundo. “Minha maior motivação para desenvolver o estudo nessa área é garantir uma convivência harmoniosa entre a população e a arborização, orientando o manejo das árvores urbanas para que forneçam o maior número de benefícios com o menor risco atribuído possível”.

A investigação ainda está em fase de coleta de dados. A expectativa é que ela seja concluída em maio de 2021.

Divulgação Institucional

Angeline (à esq.) e Tamílis (à dir.) durante a coleta de dados