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25/11/2020
Os mestrandos estão participando das aulas remotas da UFV na Nigéria (Foto: Divulgação/Fara)
A pós-graduação da UFV iniciou o segundo período letivo diferente: ela está mais internacional. Especialmente os cursos de mestrado dos campi de Viçosa e de Florestal retomaram suas aulas remotas dando boas-vindas a 55 novos estudantes nigerianos e oferecendo mais disciplinas na Língua Inglesa. As novidades são resultados da promissora parceria que a Universidade, o Fórum para Pesquisa Agropecuária na África (Fara) e o Fundo Fiduciário de Educação Terciária (Tetfund) firmaram para a promoção do desenvolvimento da agricultura no continente africano.
A parceria foi firmada entre UFV e Fara em novembro de 2019, por meio do programa de cooperação Bolsa de Pesquisa e Inovação Agrícola para a África (Arifa) – mantido pelo Fara com os objetivos de formar profissionais e reestruturar o setor agrícola africano, garantindo a segurança alimentar e nutricional no continente. Inicialmente, a proposta era viabilizar a participação de estudantes de toda a África em cursos de mestrado da Universidade. Mas em 2020 a parceria passou a contar com o Tetfund, uma iniciativa do governo da Nigéria que investe na qualidade e na produtividade do ensino superior do país, e as primeiras bolsas foram disponibilizadas especificamente para nigerianos.
No total, 90 candidatos participaram do primeiro processo seletivo; 55 foram aprovados e estão matriculados em 20 dos 50 cursos de mestrado da UFV. Isso nas áreas agrícola e alimentar, como Engenharia Agrícola e Ciência e Tecnologia de Alimentos, dentre outras, como Economia Aplicada e Ciência da Computação. Foi o maior ingresso de estudantes estrangeiros de Língua Inglesa na instituição até o momento, que, somado às dinâmicas multicampi e das aulas remotas, tem tornado a efetivação da parceria desafiadora. De acordo com o diretor de Relações Internacionais e representante da Universidade no Comitê de Governança e Coordenação da parceria, Vladimir Di Iorio, muitas ações estão sendo colocadas em prática pela primeira vez. “Alguns novatos estão matriculados simultaneamente em disciplinas on-line dos dois campi”, exemplifica. Ele inclusive destaca que o apoio de setores como os registros escolares de Viçosa e de Florestal e a Diretoria de Tecnologia da Informação está sendo essencial.
Como notado, outro adicional é o idioma: os nigerianos cursarão seus mestrados integralmente na Língua Inglesa. A UFV já vem oferecendo disciplinas de pós-graduação em inglês há alguns anos e, a partir de agora, isso acontecerá de maneira sistemática e em maior quantidade. Nesse segundo período letivo estão sendo realizadas 15 disciplinas remotas em inglês para atender à parceria com o Fara e o Tetfund, mas brasileiros e outros intercambistas também estão participando – quase 40 estrangeiros da África do Sul, Alemanha, Argentina, Colômbia, Estados Unidos e Etiópia estão matriculados nelas.
Primeiras impressões
O segundo período letivo da pós-graduação foi iniciado no dia 9 de novembro com aulas remotas. Os nigerianos, portanto, estão completando um mês de estudos e as primeiras impressões são positivas.
Ekaette Udoekong está cursando o mestrado em Zootecnia do campus de Viçosa e avaliou a experiência como “uma grande oportunidade para vivenciar o Brasil; aprender com os especialistas e conhecer as pessoas e sua cultura”. Ela, que é especialista em Produção e Manejo Animal e professora no Departamento de Zootecnia da Universidade de Calabar, conta que espera obter conhecimentos para contribuir com o aprimoramento de criações de gado por agricultores de baixa renda, assim como orientar jovens interessados no empreendedorismo pecuário.
Ao falar sobre sua orientadora, a professora Simone Guimarães, Ekaette destaca: “é acessível, amigável e está sempre se oferecendo para ajudar”. Além dos servidores com os quais teve contato até agora, a nigeriana cita o apoio dos Embaixadores UFV. Segundo Vladimir, os graduandos e pós-graduandos voluntários do projeto de extensão estão colaborando principalmente com treinamentos on-line sobre os sistemas acadêmicos da Universidade.
Já Mosunmola Akinwunmi, professora nas áreas de Biologia de Mariscos e Biologia Molecular na cidade de Lagos, está cursando o mestrado em Manejo e Conservação de Ecossistemas Naturais e Agrários do campus de Florestal. Sua expectativa é que a pós-graduação contribua com novas oportunidades profissionais, colaborações com pesquisadores e contatos com redes de trocas de conhecimentos científicos, além de benefícios para os africanos: “disciplinas como bioinformática, redação científica e algumas outras que serão ministradas terão um impacto muito positivo em minha carreira e, a longo prazo, afetarão positivamente a pesquisa agrícola na África”.
Além de elogiar as coordenações do programa de cooperação e do mestrado, Mosunmola reforçou a orientação recebida, no caso pela professora Karine Kavalco, como um diferencial: “tem tornando a execução do programa fácil e sem estresse”. A atuação da Karine, aliás, é mais um exemplo multicampi: ela é professora no campus de Rio Paranaíba e orienta no mestrado do campus de Florestal.
Continuidade
Na época em que a parceria foi firmada, a UFV planejava receber os estudantes nigerianos presencialmente. A pandemia da covid-19, porém, trouxe modificações e o modelo de aulas remotas foi adotado. Conforme Vladimir, se as condições sanitárias permitirem, será possível que os estrangeiros venham para os campi de Viçosa e de Florestal em março de 2021. Enquanto não há certeza sobre isso, os novatos estão sendo preparados para lidar com as questões do dia a dia no Brasil por meio da disciplina de Português para Estrangeiros, do Departamento de Letras.
Apesar de considerar que levará tempo até que a Universidade esteja adaptada e preparada para atender completamente aos estrangeiros, o diretor de Relações Internacionais avalia a experiência positivamente e diz que tem muito otimismo. “As demandas para essa cooperação e os benefícios esperados constroem a nossa motivação. Avalio que estamos no caminho certo”.
De acordo com o reitor Demetrius David da Silva, as ações estão alinhadas com os objetivos do PrInt, uma iniciativa da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Ensino Superior para internacionalização dos programas de pós-graduação do Brasil, e estão causando uma verdadeira mudança estrutural na pós-graduação da UFV, “que abraça a internacionalização como um dos pilares do seu desenvolvimento”. Demetrius afirma que a parceria representa um marco histórico para a Universidade, visto que vários dos seus programas estão se preparando para oferecer treinamentos completos em inglês no futuro. Com essa qualificação, o reitor espera que os programas possam atrair mais candidatos estrangeiros e brasileiros interessados nos benefícios que as cooperações internacionais podem trazer.
Divulgação Institucional
Registro de aula dos professores Eduardo Mizubuti e Fabrício Rodrigues, na área de Fitopatologia
Registro de aula do professor Carlos Ernesto Schaefer, na área de Ciência do Solo
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