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UFV atuará no desenvolvimento de vacinas para a Covid-19

15/06/2020

Usando engenharia genética, pesquisadores do Programa de Pós-Graduação em Biologia Celular do Departamento de Biologia Geral (DBG) e do Departamento de Medicina e Enfermagem (DEM) irão desenvolver três candidatos vacinais para a Covid-19. Além de eficientes, pretende-se que as vacinas tenham ampla cobertura populacional, sejam de baixo custo e de uso seguro para diferentes tipos de pacientes.

O projeto, chamado “Produção de quimeras vacinais contra o vírus SARS-CoV-2”, já foi aprovado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e aguarda o início do financiamento para começar a ser desenvolvido. As três vacinas propostas pela UFV contarão com a colaboração do Instituto Aggeu Magalhães (Fiocruz-PE) e deverão ficar prontas em até um ano.

O professor Sérgio Oliveira de Paula, coordenador do projeto, explicou que várias instituições estão participando do esforço internacional pela obtenção de vacinas e que as diferenças entre elas podem ampliar o espectro de atuação para diferentes casos. Ele conta que, atualmente, há muitos projetos de vacinas com vírus inativados, que induzem anticorpos por tempos indeterminados, ou seja, podem evitar a doença, mas por apenas por um período e a eficiência ainda varia de acordo com as pessoas. A vacina ideal, segundo o pesquisador, deve ter uma resposta duradoura e de preferência produzida por métodos já conhecidos, o que pode agilizar e baratear a sua produção.  “O edital do CNPq foi muito competitivo. Em todo o Brasil, foram submetidas 2.219 propostas e apenas 90 foram aprovadas. Por isso estamos felizes com a confiança em nossa proposta. É um trabalho empírico, de tentativa e erro, mas temos conhecimento para um projeto eficiente”.

Se depender da tradição, as vacinas prometem. Há muitos anos que os pesquisadores do Laboratório de Imunovirologia Molecular desenvolvem estudos com vírus transmitidos por artrópodes, os arbovírus como dengue, Zika, Mayaro e febre amarela.

As vacinas

O projeto dos pesquisadores da UFV é construir duas vacinas atenuadas com pedaços diferentes do coronavírus e uma outra, chamada de subunidade proteica, que utilizará apenas a proteína (S) do SARS-COV-2. O uso, dependerá da saúde de quem vai receber a vacina.

O que torna o projeto da UFV ainda mais promissor, segundo Sérgio de Paula, é que os pedaços do novo coronavírus serão inseridos na vacina da febre amarela (YFD 17D), já disponível no mercado. “Esta vacina já tem sua eficácia e segurança comprovadas. Por isso, teremos um produto seguro e eficiente, de produção barata, de rápida avaliação em testes prévios para distribuição no Sistema Único de Saúde (SUS). Como a vacina irá conter ainda os antígenos do vírus causador da febre amarela, é possível que possua eficácia para os dois vírus”, disse ele.

O problema da vacina atenuada da febre amarela é que são contraindicadas para pacientes imunossuprimidos, como os portadores de câncer em tratamento, transplantados ou com doenças autoimunes, por exemplo. Por isso, a outra vacina será obtida fazendo com que um fungo, a levedura Pichia pastoris, produza a proteína (S) do coronavírus que age induzindo a produção de anticorpos. “Eles se ligarão ao vírus evitando que infecte as células e produza a doença”, explicou o coordenador do projeto. Por serem diferentes, as vacinas terão ampla cobertura populacional.

De acordo com os pesquisadores, a proteína S também poderá ser utilizada para diagnósticos mais precisos da Covid-19. O objetivo é padronizar ensaios sorológicos na detecção de IgM e IgG (MAC-ELISA e ELISA), que podem ser bem mais baratos que os utilizados atualmente.

O processo da produção das vacinas

No Departamento de Biologia Geral da UFV, os genes responsáveis em codificar os imunógenos empregados neste estudo serão construídos e testados in vitro. Após essas análises, as construções vacinais quiméricas serão avaliadas in vivo nos laboratórios BS3 do Instituto Aggeu Magalhães (Fiocruz-PE). No Departamento de Medicina serão conduzidos os ensaios sorológicos para avaliar amostras de soro de pacientes notificados como suspeitos de infecção por coronavírus.

“É um projeto muito ambicioso e esperamos ter resultados factíveis em um ano. Para isso temos uma equipe muito competente e animada com a proposta de contribuir para o tratamento desta pandemia”, afirmou Sérgio de Paula.

Equipe envolvida

Sérgio Oliveira de Paula (Coordenador – DBG – UFV);

Roberto Sousa Dias (Pesquisador – DBG – UFV);

Jessica Duarte da Silva (Pesquisador – DBG – UFV);

Adriele Jessica do Carmo (Pesquisador – DBG – UFV);

João Vitor da Silva Rodrigues (Pesquisador – DBG – UFV);

Luciana de Souza Fernandes (Pesquisador – DBG – UFV);

Ginnie Rangel Passos (Pesquisador – DBG – UFV);

Iago Oliveira de Mello (Pesquisador – DBG – UFV);

Paloma Cavalcante (Pesquisador – DBG – UFV);

Rodrigo Siqueira-Batista (Pesquisador – DEM – UFV);

Andreia Gomes (Pesquisador – DEM – UFV);

Luiz Alberto Santana (Pesquisador – DEM – UFV);

Cynthia Canedo da Silva (Pesquisador – DMB – UFV);

Rafael Freitas de Oliveira França (Pesquisador – FIOCRUZ);

Verônica Gomes da Silva (Pesquisador – FIOCRUZ);

Morganna Costa Lima (Pesquisador – FIOCRUZ);

Franciele Martins Santos (Pesquisador – DMB – UFMG);

Vinicius Duarte da Silva (Pesquisador – Padova University).

Léa Medeiros

Divulgação Institucional