Campus Viçosa

UFV desenvolve modelos para implantação de Infraestruturas de Dados Espaciais para setor elétrico

31/07/2017

O projeto é coordenado pelo professor Jugurta Lisboa

A partir de um protótipo construído para a Cemig, pesquisadores da UFV desenvolveram um método para implantação de Infraestruturas de Dados Espaciais (IDE) que poderá ser usado por qualquer empresa do setor elétrico. Além de organizar um imenso volume de dados, será possível disponibilizá-los para diferentes tipos de públicos e clientes.

O projeto nasceu de um edital de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) aberto pela Fapemig, em parceria com a Cemig, em 2014. A ideia era construir um protótipo de um geoportal capaz de armazenar, organizar e disponibilizar os dados geográficos da empresa, uma das maiores do setor elétrico do país. O projeto foi realizado em parceria com o Centro Internacional de Hidroinformática (CIH), vinculado ao Parque Tecnológico de Itaipu (PTI), em Foz do Iguaçu (PR).

A Cemig é uma corporação com mais de 200 empresas nas áreas de produção, transmissão e distribuição de energia. Segundo o professor  do Departamento de Informática Jugurta Lisboa Filho, coordenador do projeto, todos os setores envolvidos nestas áreas geram mapas e dados espaciais de diferentes níveis de complexidade. O problema é que o tamanho da empresa dificultava a comunicação entre os setores, gerando gastos desnecessários. “Muitas vezes, o mesmo mapa era produzido em diferentes setores e não havia padronização deste imenso conjunto de dados”. Por isso, o primeiro passo foi adequar os mapas segundo as regras internacionais do Open Geospatial Consortium (OGC). A padronização permite aos usuários sobrepor mapas, cruzar informações e ampliar o uso das informações espaciais utilizando ferramentas como geo web services.

Utilizando uma Infraestrutura de Dados Espaciais como base, os pesquisadores criaram um geoportal que disponibiliza as informações geográficas por meio de mecanismos de busca para acesso e alimentação de banco de dados.  Mas o desenvolvimento de uma IDE envolve também a definição das políticas das empresas para criar portas que podem ou não ser abertas por diferentes públicos. Por ser uma corporação que trabalha com dados individuais de empresas e do cidadão, nem todas as informações podem ser públicas ou acessíveis a todos os setores da empresa. “É como construir uma imensa biblioteca de mapas, mas nem todas as prateleiras podem ser visitadas por todos”, explicou Jugurta, lembrando que, mesmo que haja restrições empresariais, grande parte destes dados poderá ser utilizada por pesquisadores e demais interessados.

Durante o processo de desenvolvimento, a equipe utilizou softwares livres que poderão reduzir ainda mais os custos das empresas interessadas em utilizar o método, porque dispensam licenças específicas para os programas. “Nossa grande surpresa foi que a Cemig descobriu muitas vantagens em usar softwares livres em ambiente empresarial e já desenvolveu diversos aplicativos usando esta tecnologia. Antes os desenvolvedores da Cemig utilizavam apenas soluções proprietárias, que são muito caras e fechadas”, comentou o professor, que é defensor do software livre. “Nosso maior ganho é saber que este projeto modificou a forma de trabalho na Cemig e proporcionou economia e melhora de desempenho das ferramentas”, comentou Alisson Rodriges Alves, engenheiro ambiental do CIH.

O projeto gerou quatro dissertações no programa de pós-graduação em Ciência da Computação do Departamento de Informática da UFV, permitindo a criação de uma metodologia específica para desenvolvimento de infraestruturas de dados espaciais para o setor elétrico. Os recursos também permitiram o financiamento de bolsistas de iniciação científica, de desenvolvimento tecnológico industrial e de pós-doutorado.

Como o projeto teve financiamento público, o método será disponibilizado pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) para outras empresas interessadas. “Nós desenvolvemos um método e fizemos um protótipo para a Cemig que poderá ser replicado. Cada empresa deverá ter equipes de programadores para criar seus próprios bancos de dados em ambientes próprios e com a segurança que necessitam”, disse Jugurta Lisboa.

 

Léa Medeiros
Divulgação Institucional