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Pesquisa avalia mando de campo em partidas de clássicos do futebol

22/06/2023

Bola de futebol no momento em que alcança a rede do gol. Ao fundo, céu azul com poucas nuvens.

Trabalho analisou série histórica de jogos entre Flamengo x Corinthians e Boca Juniors x River Plate

Qual a real importância do mando de campo em uma partida envolvendo dois times rivais? É mesmo verdade que o fato de “jogar em casa” interfere no resultado de um jogo entre clássicos como Flamengo e Corinthians ou Boca Juniors e River Plate? Essas foram as perguntas que pesquisadores do Programa de Pós-graduação em Economia da UFV procuraram responder. As conclusões podem orientar possíveis investimentos na melhoria ou construção de estádios próprios e ampliar as contribuições de grandes eventos do futebol nas economias brasileira e argentina.

A pesquisa foi tema da dissertação de mestrado Efeito do mando de campo para os clássicos de maiores torcidas de Brasil e Argentina, de Jaqueline Castro da Silva, orientada pelo professor Jader Cirino. Ele explica que a área de pesquisa denominada Economia do Esporte tem ganhado mais notoriedade, uma vez que as atividades esportivas, como o futebol, fazem parte de uma cadeia produtiva que gera renda e emprego para o sistema econômico.

Segundo os pesquisadores, embora já existam diversos trabalhos que avaliam os efeitos do mando de campo, esta foi a primeira vez que foram analisados os clássicos das maiores torcidas do Brasil e da Argentina: Flamengo x Corinthians e Boca Juniors x River Plate. A pesquisa considerou todos os jogos desses times que não foram realizados em campo neutro, desde o primeiro enfrentamento das duplas, no início do século XX, até o último confronto de 2022, utilizando modelos estatísticos para chegar às conclusões. Para medir a importância dos jogos em estádios, os pesquisadores usaram, como variável de sucesso, a quantidade de gols marcados em todo o histórico de disputas.

Resultados

Os resultados indicaram efeito de mando de campo significativo para Flamengo x Corinthians, no Brasil, e para o River Plate na Argentina. Em termos quantitativos, o River Plate tem 29,13% a mais de chances de balançar as redes quando atua no seu estádio, o Monumental de Núñez. “O trabalho mostra que o time apresenta mando de campo positivo e significativo”, concluiu Jaqueline. Para o Boca Juniors, no entanto, o efeito não se apresentou estatisticamente significativo.

Já no clássico brasileiro, o Flamengo apresenta 40,52% a mais de chances de fazer gols quando o clássico ocorre no Maracanã (84% dos jogos), ou em outro estádio da cidade do Rio de Janeiro. No mesmo sentido, o Corinthians quando joga no Pacaembu (59% dos jogos avaliados), ou em outro estádio da cidade de São Paulo, tem 47,08% mais chances de gols.

De acordo com o professor Jader, a pesquisa fornece uma medida quantitativa estatisticamente confiável do impacto do mando de campo no desempenho esportivo. “Em termos econômicos, os estádios permitem o aumento da arrecadação de receita por parte do seu clube proprietário, não apenas por meio da venda de ingressos, como também da exploração econômica de toda a estrutura da arena, assim como do aluguel da mesma para shows, espetáculos e convenções”, explicou o orientador do trabalho. Havendo o efeito de mando de campo, a equipe tende a vencer mais em casa e, portanto, atrair mais público e, consequentemente, mais receita com bilheteria direta ou via sócio torcedor, o que, de acordo com os autores, justifica investimentos em estádios próprios.

Ainda segundo Jader Cirino, o aumento na geração de receitas para o clube proprietário do estádio cria um ciclo virtuoso para a economia, uma vez que amplia renda e emprego no setor esportivo e de eventos e, com isso, eleva a contribuição para o Produto Interno Bruto do país.

A dissertação está disponível na Biblioteca da UFV e, em breve, será publicada em periódico científico da área de Economia.

Divulgação Institucional

A pesquisa citada nesta matéria está alinhada ao item 8 Trabalho Decente e Crescimento Econômico dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).