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Produtores contam suas histórias sobre a Semana do Fazendeiro

16/08/2022

Por volta dos 80 anos, Maria José e Carmelita querem saber o que fazer com o sítio que compraram

Setecentos e dez produtores estão participando da 92º Semana do Fazendeiro. São 710 histórias diferentes e muito interessantes de pessoas que vêm de longe ou perto em busca de conhecimento. Algumas são ainda mais surpreendentes por representarem esperança nestes tempos difíceis. É o caso da Dona Maria José Vidigal. Aos 86 anos ela veio a Viçosa atrás de alternativas para produzir em um sítio que comprou com a irmã durante a pandemia. “Ainda não sabemos o que cultivar, mas já tivemos problemas com inundação durante o verão, por isso escolhemos o tema conservação e pagamento por serviços ambientais”, disse Dona Maria José. Elas trouxeram também um funcionário para participar do evento. “Ele é quem cuida do dia a dia e quem mais precisa saber como conservar o solo e água”.

A irmã de Dona Maria José é Carmelita, de 73 anos. Ela já conhecia o evento, mas nunca havia participado como aluna. Depois de aprender sobre as vantagens da conservação do meio ambiente, ela se inscreveu em um curso sobre aplicação do metaverso no cotidiano das pessoas e em áreas florestais. Sim, Dona Carmelita quer entender o que é essa novidade e como funciona a realidade virtual. “Quem sabe eu consiga usar esse tal metaverso em projetos de educação ambiental?”, imaginou Carmelita. As duas, com certeza, sairão da Semana do Fazendeiro cheias de novos projetos para o futuro.

Aos 59 anos, o metalúrgico Jadir de Barros se aposentou e andava à procura do que fazer com o tempo livre. Lembrou-se que o pai, seu João Martins, por mais de 40 anos pegava sua velha Rural Willys e vinha à UFV em busca dos cursos oferecidos pela Semana do Fazendeiro. “Este evento mudou muito a realidade do sítio do meu pai. Sempre havia uma técnica nova para aprender, uma variedade para conhecer, uma fruta diferente para plantar. As novidades que ele levava daqui contagiaram até os vizinhos”, contou Jadir, que decidiu assumir o sítio do pai. Ele veio pela primeira vez em 2019. Nos dois anos de pandemia fez cursos virtuais sobre genética e saúde animal. “Vim refazer o caminho do meu pai”, disse ele que, este ano, está em busca de conhecimento sobre redução de custos para a produção de bovinos na propriedade em Antônio Dias, no Vale do Aço.

Começando a vida como estudante do curso de Química na UFV, aos 21 anos, Eduardo Souza está participando de cursos sobre produção de gado leiteiro. “Meus pais são produtores rurais e estamos numa fase de modernizar a gestão da fazenda da família. Eu quero colaborar e estou aqui para aprender mais sobre genética e administração rural. Não dá mais para fazer as coisas como antes e estou bem empolgado”, afirmou.

Jéssica Callaway veio de Araruama, no Rio de Janeiro, onde trabalha com pecuária de leite e corte. Ela conta que aprendeu aqui que zelar pelo bem-estar dos animais influencia no lucro da fazenda. “Isso não é nada óbvio para meus vizinhos que ainda resistem em dar mais conforto ao gado. Aprendi isso aqui na UFV e tem dado muito certo”. Esta é a sexta vez que Jéssica participa da Semana do Fazendeiro. “Às vezes eu faço o mesmo curso, mas sempre tem novidades. Os professores falam de resultados de pesquisas e do que está sendo feito em outros países para nos ensinar a estar sempre à frente”, afirmou ela.

Assim como Eduardo, Jéssica está aprendendo que inovação é sempre bem-vinda, mas é preciso manter investimentos. “Não adianta pensar só em lucro para gastar. O investimento em novas tecnologias tem que ser contínuo e os professores sempre reforçam isso pra gente”, ressaltou a produtora.

A técnica que preconiza a integração de lavoura, pecuária e floresta em uma mesma área, chamada de ILPF, já está ampliando as expectativas financeiras de Sidney Rezende, produtor rural em Ervália, município vizinho à Viçosa. Até fazer os cursos de agricultura conservacionista na Semana do Fazendeiro, ele cultivava milho apenas para alimentar o gado e em áreas separadas. Agora, ele consorcia com gado, braquiária e eucalipto. A cada entressafra de milho, o gado entra para pastar. O milho rendeu mais e agora sobra para vender. O eucalipto é mais uma fonte de renda e o produtor ainda ganha com a conservação do solo e da água. “Assim como o ILPF, eu também aprendi aqui técnicas de poda do cafeeiro que baixaram o custo e aumentaram a produtividade”, contou Sidney que pretende voltar nas próximas edições do evento.

Este ano, a Semana do Fazendeiro está oferecendo 240 cursos nas mais diferentes áreas, incluindo temas como legislação, medicina, nutrição, saúde e práticas pedagógicas. Os cursos são ministrados por professores, técnicos e estudantes da UFV e contam também com profissionais do Senar.

Léa Medeiros

Divulgação Institucional

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Senar e Emater estão oferecendo cursos sobre produção e processamento de alimentos