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"Número de contaminados por covid-19 ainda deve aumentar, pressionando sistemas de saúde e prestação de serviços", alertam pesquisadores

21/01/2022

Pessoas em unidade de saúde de Viçosa, em busca de testes de covid-19 (Divulgação/Folha da Mata)

Ano passado, no auge da pandemia, a equipe liderada pelo professor Sílvio Ferreira, do Departamento de Física da UFV, foi referência, na ciência e na imprensa brasileira, ao desenvolver um modelo matemático para acompanhar e prever a disseminação da covid-19 no país, sobretudo em cidades do interior. Agora, com a explosão de casos da variante Ômicron do vírus SarsCov-2, as predições estão mais difíceis por vários fatores, tais como o apagão de dados do OpenDataSUS – o programa do Ministério da Saúde que divulga os dados da epidemia no Brasil – a falta de dados precisos e as incertezas sobre o comportamento das novas variantes diante da eficácia das diferentes vacinas. Mas a equipe do professor Sílvio continua monitorando a alta no número de casos e, com isso, pode afirmar: o surto causado pela Ômicron ainda não deu sinais de arrefecimento. O número de contaminados ainda deve aumentar, pressionando os sistemas de saúde e a prestação de serviços nas cidades que sediam os campi da Universidade.

Basta olhar para os dados da covid-19 em todo o Brasil nos últimos dias para perceber que o crescimento da pandemia tem sido exponencial. O tempo gasto para duplicar o número de novos casos está cada vez mais curto, assim como acontece em países com alto índice de testagem, como Reino Unido e França, o que, segundo os pesquisadores, representa uma tendência observável nesta variante.

A tendência é facilmente perceptível nas cidades onde estão os campi da UFV. Em Viçosa, em dezembro de 2021, quando a pandemia parecia abrandada, o número de casos confirmados não chegou a 70. Depois, saltou para quase 400 na primeira semana de janeiro, ultrapassou a barreira dos mil, na segunda, e apenas nos dois primeiros dias desta semana houve mais de 700 confirmados por testes. Rio Paranaíba ficou quase dois meses sem nenhum novo caso. Na primeira quinzena de janeiro, foram 124 pessoas contaminadas. Em Florestal, também nenhum novo caso foi registrado em dezembro. Só nesta semana já são mais de 50, isso sem contar as subnotificações. A boa notícia é que, por causa da boa aderência à vacinação, as ocorrências mais graves têm sido raras.

A escassez de testes, os atrasos na disponibilidade dos dados e a cobertura vacinal são variáveis importantes para uma predição mais precisa da pandemia neste momento. “Pessoas com poucos ou nenhum sintoma sequer procuram pelos testes, mas podem transmitir o SarsCov-2, ainda que provavelmente menos, por causa da vacinação”, lembra o professor.

Ainda segundo Sílvio, mesmo sabendo que a nova variante do coronavírus é mais transmissível e menos letal que as anteriores, sobretudo para os vacinados, se esta nova onda seguir o mesmo padrão de expansão reportado em outros lugares, o aumento exponencial de casos seguirá nos próximos dias. No entanto, as consequências vão demorar um pouco mais a aparecer, pois existe um atraso entre a confirmação da doença e a demanda por leitos. “Mesmo que tenhamos probabilidade muito reduzida de casos graves, uma contaminação exagerada obviamente levará à sobrecarga no sistema de saúde, cuja intensidade ainda não podemos estimar com precisão", disse ele.

O pesquisador lembra, ainda, que pessoas contaminadas que se afastam do trabalho comprometem a prestação de serviços no país e no mundo e essa situação tende a piorar. Por isso é preciso ter muita cautela, principalmente em cidades menores, com sistema de saúde frágil. “Neste sentido, a decisão da UFV em adiar o retorno às aulas presenciais foi estratégica e muito sóbria. As avaliações do cenário epidemiológico precisam ser semanais, com cuidado, responsabilidade e transparência de dados. Esse pequeno adiamento permitiu ter uma noção mais precisa do cenário epidemiológico, que nos mostrou uma explosão de novos casos nunca observada nas cidades sede”, afirmou o pesquisador.

Ainda para o professor Silvio, a vacinação já se mostrou muito eficiente, mas é preciso seguir rigorosamente o que os estudos científicos nos mostram; “as vacinas podem, eventualmente, não conferir proteção suficiente para uma parcela, ainda que reduzida, dos indivíduos, mas coletivamente é um instrumento fenomenal, que precisa avançar urgentemente com as doses de reforço e a ampliação da cobertura vacinal em todos os jovens e crianças em idade escolar”, concluiu o professor.

A UFV lembra a importância das medidas de prevenção e destaca o Decreto Municipal nº 5.726/2022, que proíbe a circulação de pessoas sem máscaras em espaços públicos ou privados de uso coletivo em Viçosa, sob pena das sanções previstas em lei, entre outras determinações.

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