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Aula de Miguel Nicolelis marca início do ano letivo na UFV

19/07/2021

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Miguel Nicolelis demonstrou como o cérebro reserva segredos e mistérios surpreendentes

Emocionante! Essa foi uma das palavras mais recorrentes no chat da transmissão da aula magna do neurocientista Miguel Nicolelis na noite desta segunda-feira (19). O evento, acompanhado pelo canal oficial da UFV no Youtube, com grande participação da comunidade universitária dos três campi da Universidade, abriu o ano letivo de 2021 e encerrou as atividades do evento Integra Calouros.

A aula na UFV foi uma das primeiras ministradas no mundo após Nicolelis receber o prêmio de professor emérito da Duke University, na Carolina do Norte (EUA), com a missão de levar para diferentes partes do planeta novas terapias para tratamento de moléstias neurológicas e psiquiátricas. "É muito marcante poder falar para vocês, nesse novo capítulo da minha carreira, nesta Universidade de referência, que eu tenho muito carinho e que colaborei durante a pandemia com a equipe do professor Silvio da Costa na tentativa de modelar a evolução da pandemia no país. Desde então, utilizo o que eu considero o melhor site sobre a pandemia no Brasil, do doutorando da UFV Wesley Cota, uma ferramenta maravilhosa de análise estatística", destacou.

Na aula magna, Nicolelis demonstrou a relevância do estudo da mente humana e o que a neurociência pode oferecer à humanidade. Por meio do tema O verdadeiro criador de tudo, título do seu último livro publicado e maneira pela qual o pesquisador se refere ao cérebro, ele mostrou como "nossa realidade, nossa visão de mundo, todos modelos políticos econômicos e sociais e nossa interpretação do universo vem da biologia que governa o funcionamento do nosso cérebro".

Após fazer um retrospecto sobre como o processo que construiu a nossa história se deve à capacidade do cérebro em gerar construções mentais, abstrações, como a matemática, filosofia e religião, Nicolelis compartilhou os principais avanços de suas pesquisas. Dentre os destaques mencionados esteve um dos experimentos mais importantes e pioneiros da neuroengenharia, realizado em 1998, em que a macaca Aurora foi treinada e conseguiu movimentar um braço mecânico apenas com o pensamento. O trabalho foi a base para que, em 2014, Nicolelis e sua equipe, a partir do Projeto Walk Again, utilizassem o primeiro exoesqueleto robótico proporcionando que um voluntário paraplégico movimentasse a perna e realizasse o chute inicial da bola na abertura da Copa do Mundo, por meio da interface cérebro-máquina.

Todo o treinamento para esse Projeto possibilitou que pacientes classificados como tendo uma lesão completa, total, crônica e irreversível da medula espinhal fossem reclassificados porque evoluíram para um quadro chamado de paraplegia parcial, implicando presença de sensibilidade, motricidade e controle de funções viscerais de forma parcial, “algo que nunca havia sido demonstrado em nenhuma terapia de reabilitação para pacientes crônicos nesse grau”. Com essas experiências relatadas, Nicolelis afirmou que “o verdadeiro criador de tudo nos reserva segredos e mistérios extremamente surpreendentes”, e que, até no caso de uma lesão histórica, que a medicina considerava irreversível, pode ser reversível, permitindo que milhões de pessoas voltem a ter, no futuro, um grande grau de autonomia mesmo com essas lesões. “É isso que o verdadeiro criador de tudo nos proporciona. Esse protagonista, que nos trouxe de 100 mil anos atrás, das cavernas subterrâneas até o mundo do século XXI, com todos os seus desafios e mistérios, mas também com toda a sua esperança”, concluiu.

O reitor Demetrius David da Silva destacou que foi uma honra para a UFV ter o renomado pesquisador para "abrir com chave de ouro" as atividades acadêmicas do ano. Ele agradeceu por Miguel Nicolelis ter aceitado o convite prontamente e realizado uma exposição “muito emocionante para todos nós que militamos e acreditamos na ciência em um momento em que o negacionismo tem sido algo marcante e que tanto mal tem causado a todos”. Demetrius deu ainda as boas-vindas aos 3.100 calouros e aos 500 estudantes de mobilidade virtual, e ressaltou “sintam-se verdadeiramente acolhidos em nossa Universidade”.

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