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Campus Viçosa

Professor do Departamento de Fitopatologia divulga práticas de ciência aberta

24/09/2020

Emerson durante aula relacionada à comunicação científica em seu canal do Youtube

A abertura de dados no campo científico é cada vez mais discutida mundialmente para aumentar a disseminação de pesquisas e garantir maior acessibilidade e transparência. Na UFV, estão sendo identificadas ações para ampliar essa iniciativa e já há a viabilização da alocação de Digital Object Identifier (DOI), ou seja, um identificador único, para teses e dissertações, além da expectativa de que os dados de pesquisa sejam também disponibilizados em depositários internacionais. Nesse cenário, professores da Universidade têm dado contribuições relevantes sobre o tema, como o docente Emerson Del Ponte, do Departamento de Fitopatologia. Ele é cofundador da iniciativa global Open Plant Pathology que, nos últimos três anos, tem procurado aproximar os pesquisadores da área para discutir sobre a importância de práticas de ciência aberta na comunidade fitopatológica.

A equipe da Open Plant Pathology tem direcionado esforços para melhorar o entendimento e a adoção dessa cultura. São realizadas atividades como oferecimento de workshops presenciais e webinários, organização de seminários virtuais para melhorar o intercâmbio científico, desenvolvimento de ferramentas de código aberto e apoio aos conselhos editoriais de periódicos para aumentar a reprodutibilidade da pesquisa.

Além disso, como editor-chefe da revista internacional da Sociedade Brasileira de Fitopatologia, Tropical Plant Pathology (TPP), o professor da UFV propôs uma alteração na política de compartilhamento de dados pelos autores dos trabalhos, tendo o intuito de promover a transparência e aumentar a credibilidade da ciência. Na prática, foi criado um time de "Editores de Reprodutibilidade", que não só buscam encorajar os autores a compartilhar suas pesquisas, como também oferecem suporte para as melhores formas de preparo, documentação, depósito e licenciamento dos dados em repositórios públicos.

De acordo com Emerson, a TPP “é uma das poucas revistas no mundo que têm editores dedicados a auxiliar em práticas de pesquisa reproduzível, envolvendo não somente o compartilhamento de dados, mas também os códigos de programas de análise estatística de código aberto”. Ela cumpre ainda o papel importante de conscientizar sobre a relevância de depositar, licenciar e obter um identificador de objeto digital (DOI) para outros produtos da pesquisa, além do artigo científico. 

Na edição do mês de agosto, a revista destaca como a abertura de dados pode tornar a pesquisa mais aberta e transparente na área de Fitopatologia. No editorial, o professor da UFV apontou que os benefícios de disponibilizar dados e qualquer outro resultado da pesquisa, como código de computador para análise estatística, são múltiplos. Dentre eles estão: agregar valor ao processo de revisão por pares, já que os revisores podem avaliar melhor a qualidade do trabalho com os dados em mãos; possibilitar a devida documentação e armazenamento de dados e códigos; ampliar o valor do investimento em pesquisa, tendo em vista que órgãos e institutos estão estabelecendo políticas de financiamento para projetos que considerem os dados de pesquisa um bem público; e contribuir para garantir maior visibilidade e melhorar a taxa de citação.

Emerson afirma que, como os resultados de pesquisas dependem de dados para apoiar as descobertas, facilitar o acesso a eles deve ser “uma pedra angular” para os periódicos desempenharem o papel de disseminação científica. Resultados de estudos sobre o feito de políticas de compartilhamento de dados adotadas por periódicos são “muito encorajadores”, segundo ele. Um trabalho que analisou mais de 500 artigos científicos em periódicos Biomedcentral journals (BMC) e Public Library of Science (PLoS), por exemplo, demonstrou um aumento de até 25% nas citações de artigos com disponibilização de dados na categoria 3, em comparação com as categorias básicas, em que os dados não são disponibilizados.

No entanto, para o pesquisador da UFV, a prática de abertura de dados ainda é pouco conhecida e divulgada na comunidade científica, além de enfrentar um receio dos pesquisadores em "liberar" os dados. Em uma pesquisa bibliográfica, realizada em parceria com o cofundador da Open Plant Pathology, professor Adam Sparks, da University of Southern Queensland, foram analisados 300 artigos publicados em 20 revistas da área de Fitopatologia, nos últimos cinco anos. Os resultados, a serem publicados em breve, demonstram que apenas um em cada dez artigos publicados compartilham os dados.

Para continuar as discussões sobre o assunto, o professor participará, nesta sexta-feira (25), de uma mesa-redonda do congresso internacional ABEC Meeting Live 2020, organizada pela Associação Brasileira de Editores Científicos (ABEC), com o tema Should we open data?Além disso, Emerson mantém um canal no YouTube para divulgar material didático sobre ciência e educação abertas, metodologia científica e análise de dados, dentre outros temas na área.

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