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27/06/2020
Uma dissertação de mestrado, produzida no Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde da UFV, gerou uma cartilha para orientar o atendimento a pessoas transgênero e pretende ser um diferencial para a formação dos alunos dos cursos de Medicina e Enfermagem.
Isabela Ferreira de Castro é professora do Curso de Medicina. Em uma aula sobre pessoas transgênero para alunos do 6º período, em 2017, ela percebeu que os estudantes tinham muito interesse em obter formação para um melhor atendimento a este público específico. A aula a inspirou a pesquisar o tema em seu mestrado para responder a perguntas frequentes entre os profissionais de saúde: Como lidar com a população LGBTQIA+ num atendimento de rotina em consultórios? Que obstáculos pessoas transgênero sofrem ao procurar atendimento médico? Isabela, que é pediatra, conta que nunca recebeu formação para lidar com estas respostas na sua graduação e nem no período de residência. “Aqui na UFV estamos tentando esclarecer estas questões e qualificar nossos alunos, que irão trabalhar em todo o Brasil, para estarem melhor preparados ao lidar com este desafio”, disse ela.
Segundo Isabela, a população transgênero vem ganhando visibilidade nos últimos anos, mas estudos recentes mostram que estas pessoas passam por muitas dificuldades para acessar os serviços de saúde. Ela cita, como exemplo, o desrespeito ao nome social e as discriminações feitas pelos profissionais.
Além das pesquisas acadêmicas, Isabela realizou reuniões com o movimento da diversidade de Viçosa e com pessoas transgênero. O conhecimento das necessidades e as dificuldades de acesso à saúde na região, nortearam a produção da cartilha “Pessoas Transgênero e Seu Atendimento por Profissionais da Saúde: Orientações para o atendimento integral de população transgênero na Atenção Primária à Saúde de Viçosa - MG e microrregião.”
A cartilha pretende ser referência para atendimentos nas Unidades Básicas de Saúde e traz conceitos básicos de sexo, gênero, transgênero, homens e mulheres trans, entre outros. A segunda parte mostra como o atendimento deve ser feito nas unidades básicas, a condução da entrevista clínica e o fluxo que estes pacientes podem seguir na rede de saúde. A terceira parte traz ainda os direitos já adquiridos pela população transgênero.
A publicação será impressa e distribuída aos profissionais da região, mas já está disponível para download. “Sei que vamos ter resistência de alguns profissionais que não veem a necessidade de um atendimento diferenciado, mas aos poucos eles irão perceber que entender o universo LGBTQIA+ qualifica o atendimento e ajuda a reduzir o sofrimento destas pessoas”, afirmou a pesquisadora.
A dissertação foi orientada professora Sílvia Almeida Cardoso.
Léa Medeiros
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