Extensão

Campus Viçosa

Evento reforça a importância da Mulher Rural

16/07/2019

Espaço Fernando Sabino recebeu mais de 500 mulheres

A fila que se formou na entrada do Centro de Vivência, na manhã de segunda (15), sinalizava o começo de mais uma edição da Semana da Mulher Rural, que há sete anos integra a programação da Semana do Fazendeiro, com o apoio da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais (Emater-MG). No primeiro dia do evento, participaram cerca de 500 senhoras e jovens trabalhadoras do campo. Até quarta (17), outras mil lotarão o Espaço Acadêmico-Cultural Fernando Sabino e circularão pela UFV-Viçosa com suas camisetas, desta vez, cor de salmão.

Elas vêm de mais de 30 cidades, onde a Emater-MG mantém as suas regionais. Algumas participam pela primeira vez; outras não, como dona Maria Alves de Andrade, que, aos 76 anos, contabiliza sua presença na Semana da Mulher pelo número de camisetas coloridas que guarda no armário. Se a memória não falhou, a salmão que recebeu este ano inteirou a quinta camiseta. E se depender dela virão outras. Depois de 57 anos trabalhando na roça, dona Maria se considera no direito de se “divertir, aprender e ver as coisas”, tudo o que, em sua opinião, a Semana da Mulher Rural possibilita.

De onde dona Maria veio, da cidade de Coimbra, veio também a sua prefeita. “Diquinha” Patrício Borba estava em um dos dois ônibus que a prefeitura ofereceu para levar as mulheres até a Semana do Fazendeiro. Quem não a conhecia só ficou sabendo que ela era a prefeita quando foi chamada para compor a mesa oficial de abertura do evento, representando os gestores dos municípios mineiros que integram a Semana. Antes e depois daquele momento, vestida com a camiseta cor de salmão, ela participou, pela primeira vez, de toda a programação. Afinal, conforme contou, seu objetivo era “buscar novos conhecimentos”. E ali estava como mulher rural que também é, “brilhando de alegria e celebrando o papel importante que essas mulheres têm”.

Diversidade

Um olhar mais atento registra a diversidade crescente do perfil estético de quem frequenta a Semana da Mulher. E, de certa forma, o cabelo vermelho de Marnize Gomes representa um pouco dessa diversidade. Aparentando bem menos que seus 38 anos, ela esteve pela segunda vez no evento. Veio do município de Barra Longa com a mãe, Creuza da Silva Gomes, de 66 anos, com quem trabalha no campo, juntamente com o pai e os irmãos. A razão de estar novamente na Semana da Mulher se deve ao fato de gostar de “ouvir, saber e aprender mais” e também “da comunhão que acontece”. Dona Creuza complementa lembrando que o evento “ajuda a animar mais com a roça, com a orientação que a gente tem. É gostoso.”

Marnize cita ainda o interesse das mulheres pela exposição de plantas que acontece na Semana do Fazendeiro. E, a exemplo da mãe, ressalta o prazer em visitar a UFV e Viçosa, onde só vêm nesta época. A explicação, segundo dona Creuza, está no excesso de trabalho: “a gente não tem tempo pra ficar andando por aí”. Mesmo reconhecendo que hoje trabalham menos na roça do que no passado, em função da lama que invadiu as terras da região após o rompimento da barragem de rejeitos em Bento Rodrigues (distrito de Mariana), há muitas outras coisas a fazer. Dentre elas, os doces, bolos, biscoitos e bordados, vendidos em Mariana e em Belo Horizonte, que complementam a renda da família quando a colheita acaba.

Boas-vindas

Dona Maria, “Diquinha”, Marnize e dona Creuza e as outras mulheres que lotaram o Fernando Sabino na manhã de segunda-feira receberam as boas-vindas da vice-reitora Rejane Nascentes; do pró-reitor de Extensão e Cultura, José Ambrósio Ferreira Neto; da gerente regional da Emater-MG, Raphaela Pinheiro de Souza; da coordenadora regional de Bem-Estar Social da Emater-MG, Margareth Guimarães; da coordenadora regional das Mulheres da Zona da Mata da Fetaemg, Sebastiana Zanon, e da assessora técnica da Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa), Fabrícia Ferraz. Todos compuseram a mesa de abertura.

À tarde, alguns deles retornaram para se despedir das participantes do primeiro dia da Semana da Mulher. Desta vez, dividiram a mesa com a secretária de Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Minas, a engenheira florestal formada pela UFV, Ana Maria Soares Valentini; o deputado estadual Coronel Henrique; o prefeito de Viçosa, Ângelo Chequer; a presidente do Conselho Municipal de Desenvolvimento Rural Sustentável, Catarina Aparecida Rodrigues, e o reitor Demetrius David da Silva.

Em todas as falas de boas-vindas, da manhã e da tarde, um ponto comum: o reconhecimento da importância da mulher rural não só para a produção no campo, mas também para a formação e suporte das famílias. Esse papel, segundo a coordenadora regional de Bem-Estar Social da Emater-MG, Margareth Guimarães, tem sido cada vez mais percebido por elas.

Na avaliação de Margareth, participar de um evento na UFV, além de melhorar a autoestima das mulheres rurais, é a oportunidade de elas conhecerem o que a Universidade faz e de incentivarem seus filhos a estudar na instituição. A Semana da Mulher Rural, em sua opinião, ajuda a promover mudanças de comportamento e de expectativas. O evento reforça a ideia de que a mulher é primordial para agregação de valores à produção, produtividade e comercialização. E, dentre as palestras do primeiro dia, a história contada por dona Maria José Starling mostrou isso. Sem apoio do marido, inclusive financeiro, ela começou a produzir flores nos fundos de sua casa em João Monlevade (MG). Hoje, viúva, ela administra a Flores da Terra, uma empresa de flores tropicais, produzidas em uma área de 10 hectares e comercializadas para várias partes de Minas Gerais e do Brasil.

Confira as fotos do evento neste link.

Adriana Passos

Divulgação Institucional