Campus Viçosa

Espécie de serpente é registrada pela primeira vez em Minas Gerais por pesquisadores da UFV

05/07/2019

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Mais uma vez a Serra do Brigadeiro, localizada na Zona da Mata de Minas Gerais, revelou a riqueza de sua biodiversidade. Embora já conhecida pela ciência, uma serpente da espécie Tropidophis paucisquamis, que nunca havia sido registrada em Minas, foi descoberta por acaso naquele local. Até então, havia registro da serpente somente em cadeias de montanhas do Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo e, mais recentemente, do Paraná.

O responsável pelo novo registro é o estudante de Ciências Biológicas Leandro de Avelar Oliveira, sob orientação do professor Renato Neves Feio. Também colaboraram Pedro Carvalho Rocha e Jonas Ferrari Morais, ambos mestres em Biologia Animal pela UFV.

O resultado foi apresentado na revista Oecologia Australis, no artigo Range extension of the brazilian dwarf boa Tropidophis paucisquamis (Müller, 1901) (serpentes, Tropidophiidae) and first record in the state of Minas Gerais, Brazil.

Características

Popularmente conhecida como jiboia anã, apesar de não ser da mesma família das jiboias, o réptil da espécie Tropidophis paucisquamis é uma rara serpente de pequeno porte, de aproximadamente 30 centímetros, endêmica da Mata Atlântica. Passa grande parte do tempo em árvores e bromélias, onde caça suas presas, basicamente lagartos e anfíbios anuros. Ela tem hábitos noturnos e não possui dentes capazes de injetar peçonha. Uma característica curiosa desse gênero é a capacidade de expelir sangue dos olhos e da boca como forma de afastar predadores.

Segundo Leandro Oliveira, o descobrimento dessa espécie indica o quanto ainda há para ser encontrado, até mesmo em locais amplamente estudados, como o Parque Estadual da Serra do Brigadeiro. Isso reforça a importância da conservação de áreas como a do Parque para a biodiversidade.

Desdobramentos

O achado da equipe expande a distribuição geográfica da espécie, trazendo-a para o interior do continente, mais precisamente para o leste. Além disso, a presença da Tropidophis paucisquamis no Parque Estadual da Serra do Brigadeiro aumenta para 41 o número de espécies de répteis registradas ali e, consequentemente, o de espécies registradas em Minas Gerais.

Leandro lembra que uma descoberta dessa natureza amplia o conhecimento sobre a espécie e fornece pistas para que se estude questões relacionadas à sua conservação. “Ela expande nosso conhecimento acerca da distribuição da espécie, que é pouco conhecida pela ciência e pode estar em risco de extinção. Isso porque se trata de um animal raro tanto na natureza quanto em coleções científicas, além de ter ocorrência restrita à Mata Atlântica, bioma que sofre forte pressão em razão da atividade humana”, completa.

Outra questão relevante, segundo ele, é que a Serra do Brigadeiro serve de proteção para essa e outras várias espécies de animais e plantas, fato que salienta a importância da Unidade de Conservação. Leandro ressalta ainda a relevância da pesquisa científica e da produção de conhecimento: “conhecer a biodiversidade é o caminho para a preservação da natureza, pois é a partir do conhecimento que se torna possível desenvolver formas de protegê-la. O fomento a essas iniciativas é fundamental, como os recursos do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), que financiaram esse trabalho, realizado no Museu de Zoologia João Moojen da UFV”.

 

Divulgação Institucional

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