Campus Viçosa

Tese discute direito dos idosos ao ensino superior

04/06/2019

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A quinta tese de doutorado do Programa de Pós-graduação em Economia Doméstica da UFV (PPGED/UFV), defendida por Patrícia Mattos Amato Rodrigues, trouxe para a discussão acadêmica a pessoa idosa e a educação universitária, temática considerada “inovadora e inédita”, de acordo com a orientadora do trabalho, professora Simone Caldas Tavares Mafra, do Departamento de Economia Doméstica (DED) da UFV. Entitulada Envelhecimento e educação, aspectos jurídicos e jornalísticos: a busca por direitos e participação social da pessoa idosa, a tese teve ainda coorientação da professora Eveline Torres, do Departamento de Educação Física (DES).

O objetivo do estudo foi discutir o direito da pessoa idosa ao ensino superior, considerando que o ambiente acadêmico não é ainda acolhedor para esse grupo social e que as políticas de acesso à universidade são direcionadas aos jovens. Para compreender como a pessoa idosa e sua família vivenciam esse direito constitucional, foram analisadas reportagens publicadas pela Revista Veja, pelo jornal Folha de São Paulo e pelo portal de notícias G1. O manejo dos dados ocorreu por meio de análise do conteúdo dessas matérias, entre o período de 2008 a 2018, apoiada pelo software Iramuteq.

As reportagens analisadas evidenciaram que o acesso à educação superior pela pessoa idosa é retratado como um exercício de “superação”. Essa perspectiva sugere que a presença da pessoa idosa no ensino superior é uma “transgressão” da ordem natural prevista para a educação universitária, que é pensada e estruturada para os sujeitos sociais jovens e adultos como forma de preparação para o mercado de trabalho.

Patrícia é professora do curso de Direito da Fundação Presidente Antônio Carlos (Fupac), campus Ubá, e foi selecionada para a primeira turma de doutorado do Programa, iniciada em agosto de 2014. Segundo ela, “o estudo permite apontar que o idoso aparece como sujeito negligenciado em seu direito à educação, mas também registra um processo de mudança e a necessidade de intervir positivamente para se romper paradigmas limitantes e de exclusão”. A pesquisadora enfatiza ainda que muito investimento acadêmico ainda se faz necessário, pois uma das grandes dificuldades que a pesquisa enfrentou foi justamente a escassez de produção científica sobre o tema, demonstrando que o estudante idoso é um sujeito ausente não apenas na agenda dos gestores, mas também nos trabalhos acadêmicos, por isso, Patrícia espera que as reflexões e discussões desenvolvidas em sua pesquisa contribuam para um avanço desse debate e do questionamento da “visão preconceituosa e estereotipada que paira sobre a educação no curso da vida e no processo de envelhecimento”.

Na banca, que aconteceu em 11 de dezembro de 2018, estiveram presentes também as professoras Emília Pio da Silva, da Faculdade Dinâmica; Karina Oliveira Martinho, da Fupac, e Vanessa Barros, do Grupo de Estudos Rurais – Agricultura e Ruralidades (Gerar) da UFV.

Davi Medeiros

Divulgação Institucional

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