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10/04/2019
Desde 2017, a UFV está à frente do maior projeto mundial de cooperação entre empresas do setor florestal e uma universidade pública na área de melhoramento genético. Os resultados já começaram a aparecer. Só neste início de ano foram plantadas 70 mil mudas de eucalipto, altamente tolerantes à seca, em áreas que já sofreram perdas expressivas devidas às variações climáticas. O projeto “tolerância à seca de eucalyptus”, desenvolvido em parceira com 15 empresas do setor florestal brasileiro quer produzir 750 novas variedades híbridas, que posteriormente serão clonadas e patenteadas.
O Brasil é o maior produtor de eucalipto do mundo, com cerca de 5,5 milhões de hectares plantados. Minas Gerais tem a maior área plantada, cerca de 1,5 milhões de hectares. A seca que assolou o sudeste brasileiro entre os anos de 2012 e 2015 deu grandes prejuízos ao setor florestal. Só em Minas Gerais 10% dos plantios foram perdidos. Por isso, em 2017, as maiores empresas do setor procuraram a UFV para, juntas, construírem uma parceria para reunir os melhores clones para déficit hídrico do mercado e, a partir deles, criar variedades ainda mais tolerantes a eventos extremos de seca.
Segundo o coordenador do projeto e professor do Departamento de Engenharia Florestal da UFV, Gleison Santos, a parceria envolveu muita negociação e confiança para que cada empresa entregasse seus melhores materiais genéticos em prol do desenvolvimento do setor no enfrentamento das variações climáticas. Nestes dois primeiros anos, juntos, pesquisadores da UFV e das empresas parceiras fizeram cruzamentos controlados entre os clones disponibilizados, gerando 260 novos híbridos que reúnem as melhores características de cada um, tais como, potencial de crescimento, qualidade da madeira, tolerância a doenças,pragas, e, sobretudo, a seca. As 70 mil mudas híbridas destas novas variedades foram plantadas entre março e abril em 60 hectares de regiões tidas como muito áridas no norte de Minas e da Bahia. “Agora vamos avaliar o crescimento das plantas e analisar quais as melhores variedades para as diferentes necessidades das empresas e regiões bioclimáticas do país”, disse Gleison, explicando ainda que uma única variedade pode reunir até quatro diferentes espécies de eucalipto .
Enquanto isso, pesquisadores na UFV continuarão a fazer cruzamentos controlados para melhoramento genético que deverão gerar outras 500 variedades até 2021. O financiamento das empresas para o projeto gerou melhorias importantes nos viveiros experimentais do Departamento de Engenharia Florestal. Foram construídas e reformadas cinco novas estufas com alta tecnologia para colaborar também com outras pesquisas do Departamento. O projeto ainda financia dez bolsas de graduação, mestrado, doutorado e pós-doutoramento.
A confiança das empresas ao entregar à UFV patrimônios genéticos exclusivos em um projeto de cooperação anima os pesquisadores. “A Universidade está entregando produtos tecnológicos ao setor produtivo. São mudas com diversos genes diferentes e muito melhores que as originais. Isso é fruto da experiência da pesquisa e também da nossa capacidade de produção e gestão de um projeto desta magnitude”, comemora o professor Gleison.
Segundo os pesquisadores, o projeto visa ainda encontrar bioindicadores capazes de identificar quais as características anatômicas e fisiológicas que fazem as plantas serem mais tolerante a seca. Esta fase do projeto está sendo conduzida pelo professor Nairam Félix de Barros. Os bioindicadores farão com que os produtores não precisem esperar até sete anos para avaliar a tolerância a seca de uma variedade de eucalipto. Conhecendo os mecanismos de tolerância, a seleção das melhores plantas será precoce e as empresas florestais terão mais flexibilidade para lidar com as variações do clima.
As patentes de todas as novas variedades serão dividas entre as empresas e a UFV. Ainda segundo Gleison Santos, as plantas poderão ser úteis também para outros países que cultivam eucaliptos em regiões muito secas. “Estamos fazendo ciência básica e aplicada ao mesmo tempo para permitir transferência de tecnologia para o setor produtivo. Tudo isso tem conseqüências positivas para o mercado e para a universidade, porque estamos pesquisando algo extremamente aplicável para a sociedade, que gera valor,desenvolvimento e emprego para a população das áreas onde os materiais genéticos serão plantados”, disse o coordenador do projeto.
Léa Medeiros
Divulgação Institucional
A parceria permitiu melhorias na estrutura de pesquisa na área de melhoramento florestal
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