Campus Viçosa

Pesquisa conclui que professores de educação básica têm maior risco de doenças cardíacas

07/03/2018

Professores universiários são mais magros e têm acesso a mais recursos para evitar riscos

Professores de educação básica são mais jovens que os universitários, no entanto, têm mais chances de desenvolverem doenças do coração.  Os que trabalham em escolas públicas da educação básica têm mais risco que os das particulares e o problema afeta ainda mais as mulheres.  Esta é a conclusão de pesquisas realizadas no Departamento de Educação Física da UFV que podem subsidiar ações governamentais preventivas para esta categoria profissional.

“Sobrepeso, obesidade, diabetes e hipertensão são elementos para a bomba relógio das doenças coronarianas”, disse João Carlos Bouzas Marins, orientador de três pesquisas que resultaram no artigo científico que pergunta se o nível de categoria de ensino pode influenciar nos fatores de riscos cardiovasculares de professores. Para concluir que sim, os pesquisadores avaliaram 495 professores que atuam em Viçosa (145 da educação superior, 200 da educação básica pública e 150 da educação básica particular). Os fatores de risco analisados foram obesidade, pressão arterial, colesterol total e diabetes mellitus.

A conclusão é que as professoras do ensino superior estão mais magras que as da educação básica pública. Quando se analisa o sexo masculino, os professores da educação básica privada são os que têm maior sobrepeso e níveis de colesterol acima do normal. No entanto, a pesquisa reconhece que o número de homens na educação básica pública é bem menor e pode ter influenciado nos resultados. Para o professor Bouzas, de todos os fatores de risco a obesidade é o que mais demanda atenção das políticas públicas porque ela pode ser o começo de uma série de problemas de saúde, uma vez que contribui para a resistência à insulina, hipertensão arterial, dislipidemias e anormalidades cardiovasculares.

As pesquisas renderam três dissertações de mestrado assinadas por Renata Rodrigues de Oliveira, Osvaldo Costa Moreira e Rômulo José Mota Júnior. Cada um focou o estudo em um dos três níveis de docência.  “Temos várias pesquisas para diversos grupos profissionais como policiais, enfermeiros, etc, mas poucos estudos comparam os diferentes níveis de uma mesma categoria e foi isso o que fizemos neste artigo ao comparar os dados das três dissertações”, afirmou o orientador.

O trabalho também permite supor que as restrições financeiras dos professores de educação básica dificultam o acesso à prevenção dos riscos . Para Renata Oliveira, o perfil socioeconômico pode ser um fator de risco que diferencia as classes de professores, interfere no padrão alimentar e nos parâmetros sanguíneos. Os professores da educação básica que participaram das avaliações são mais jovens, têm entre 30 e 40 anos, enquanto os universitários analisados têm mais de 40. “Mas o risco é maior para os professores de ensino básico de escola pública, mesmo sendo mais jovens”.

Os danos à saúde extrapolam as questões pessoais dos professores. Para os pesquisadores, os dados coletados sugerem ações preventivas, principalmente porque o comportamento sedentário contribui para a elevação de peso e é um agravante para este grupo de trabalhadores que desenvolve inúmeras atividades quando estão sentados. Obesidade e sobrepeso também funcionam como um gatilho para casos de hipertensão, diabetes, problemas ortopédicos e dores musculares que são freqüentes causas de afastamento do trabalho para professores e até de mortes prematuras.  “Temos que estimular hábitos saudáveis enquanto os profissionais são mais jovens porque o sobrepeso tende a aumentar e a intensificar os riscos”, conclui o orientador da pesquisa. Para ele, é preciso incentivar a prática regular de atividade física, que também atua sobre a prevenção da hipercolesterolemia e é um importante fator de risco envolvido no processo aterosclerótico.

 O professor João Carlos também ressalta que a pesquisa foi realizada apenas no município de Viçosa, onde há uma grande universidade, mas pode ser extrapolada para Minas Gerais ou locais com hábitos alimentares semelhantes.

Léa Medeiros

Foto: Daniel Sotto Maior
Divulgação Institucional

 

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