Campus Viçosa
31/10/2018
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Uma equipe internacional de pesquisadores, entre eles o professor Agustín Zsögön, do Departamento de Biologia Vegetal, e o doutorando em Fisiologia Vegetal Emmanuel Rezende Naves, desenvolveu uma nova cultura de tomateiro com a tecnologia de edição de genoma baseada em CRISPR-Cas9.
O estudo descrevendo a criação do tomateiro a partir da espécie silvestre Solanum pimpinellifolium está no artigo De novo domestication of wild tomato using genome editing, publicado na prestigiada revista Nature Biotechnology no início de outubro.
No artigo, os pesquisadores destacam que o melhoramento genético de culturas, ao longo de milênios, para produção e produtividade, acabou levando à redução da diversidade genética. Isso gerou perda de traços benéficos nas espécies silvestres, como resistência a doenças e tolerância ao estresse. Com a utilização da estratégia de engenharia genética baseada na edição do genoma chamada CRISPR-Cas9 – que permite alterar as sequências de DNA e modificar a função genética – foi possível combinar características agronomicamente desejáveis com características úteis presentes em espécies selvagens. A edição simultânea de seis genes de Solanum pimpinellifolium resultou na alteração da arquitetura da planta, no aumento do número e tamanho de frutos, assim como no conteúdo de nutrientes, em uma única geração e dentro de um único experimento de transformação.
O novo fruto é três vezes maior e tem cinco vezes mais licopeno que o Solanum lycopersicum, conhecido como tomate cereja e cultivado em todo o mundo. Calcula-se que sua produção anual seja de 100 milhões de toneladas. Esse aumento na quantidade de licopeno - um carotenoide benéfico para a saúde humana - é de extrema importância, na avaliação dos pesquisadores, pelo fato de considerarem que o valor nutricional e o sabor foram negligenciados no melhoramento convencional.
O estudo, que envolveu ainda pesquisadores de outras instituições brasileiras - como a Universidade São Paulo - e de países como Alemanha e Estados Unidos, abre o caminho para programas de melhoramento molecular que explorem a diversidade genética presente em plantas silvestres. De acordo com o professor Agustín Zsögön, “a abordagem pioneira pode ser estendida a outras espécies, produzindo novas culturas para aumentar o rendimento e a qualidade nutricional, bem como contribuir para a segurança alimentar mundial”. Em sua opinião, “o trabalho serve também como um lembrete do valor da pesquisa básica em crescimento e desenvolvimento de plantas, e mostra como características úteis podem ser introduzidas em outras culturas”.
O artigo De novo domestication of wild tomato using genome editing está disponível no link https://www.nature.com/articles/nbt.4272.
Fonte: Wagner Araújo
Divulgação Institucional
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