Campus Viçosa

Pesquisa realizada na UFV incorpora extensão e ganha prêmio da Editora Abril

20/12/2017

Uma pesquisa realizada para uma dissertação de mestrado no Departamento de Nutrição e Saúde da UFV recebeu a premiação nacional dada pela revista Saúde e pela Editora Abril para reconhecer e divulgar os melhores projetos realizados no Brasil na área da saúde, especificamente no campo da Nutrição.

A premiação, na categoria Estudo Clínico, foi entregue dia 28 de novembro, em São Paulo, à equipe formada por Priscila Vaz de Melo Ribeiro, autora da dissertação, Helen Hermana Miranda Hermsdorff, Karla Pereira Balbino, Andreza de Paula Santos Epifânio, Mônica de Paula Jorge, Luciane Domingos Marota da Silva, Márcia Garcia Gouvêa e Ana Vládia Bandeira Moreira, orientadora do trabalho. Os finalistas da premiação são decididos por especialistas em Nutrição, Saúde e Alimentos e por júri popular, mediado pela Revista Saúde.

O trabalho vencedor avaliou o efeito de uma intervenção nutricional em indivíduos em hemodiálise. As pesquisadoras explicam que o objetivo era avaliar o consumo alimentar e como os pacientes renais crônicos encaram as prescrições dietéticas fundamentais para a manutenção da saúde. O trabalho utilizou um modelo, chamado transteórico, que mostra que ao tomar qualquer decisão de mudança de comportamento, seja para seguir uma dieta ou livrar-se de um vício, por exemplo, as pessoas passam por cinco fases, desde a contemplação do problema até a manutenção do novo comportamento. Elas identificaram tais fases em 83 pacientes em tratamento no Hospital São João Batista, em Viçosa. “Mesmo estando doente um paciente reluta em adotar novos hábitos. Uma boa intervenção precisa definir estratégias para compreender cada uma destas fases e estimular a escalada para uma vida mais saudável”, diz Ana Vládia Bandeira, orientadora do trabalho.

O diferencial do estudo premiado é que as pesquisadoras foram além das estatísticas e propuseram oficinas de educação nutricional que aconteciam durante a hemodiálise, no hospital. Priscila Vaz de Melo explica que pacientes conhecem muito bem a doença e sabem que precisam das dietas, mas têm dificuldades em seguir as orientações. “Precisamos mostrar onde está o sódio e que ele pode ser substituído por temperos que também dão sabor à comida. Comer vegetais pode parecer saudável, mas os pacientes renais precisam reduzir o consumo de potássio, presente na couve, por exemplo. Isso foi mostrado nas oficinas com substituições interessantes e saborosas, de maneira muito prática e didática.

As pesquisadoras orientaram os pacientes sobre o adequado controle do potássio, fósforo, líquidos e sódio na alimentação para melhorar a qualidade de vida, mas foram além. “Os pacientes comem comida. Nós é que falamos em nutrientes e este entendimento precisa chegar a eles para que compreendam a necessidade da mudança”, comenta Ana Vládia. Ao incorporar novos hábitos, as pesquisadoras mostravam resultados nas fotos de unhas, pele, cabelo e peso dos pacientes para que tivessem desejo de manter a dieta necessária para cada caso e para cada fase da doença renal.

As oficinas para pacientes e cuidadores não estavam preconizadas no método usado no trabalho, mas as pesquisadoras perceberam que os protocolos não atendiam a todos da mesma forma e era preciso acrescentar sensibilidade ao avaliar dados e pacientes. “Foi um trabalho de empoderamento e valorização e creio ter sido este o diferencial que nos deu o prêmio”, avalia Ana Vládia.

Eles também foram estimulados a cozinharem em casa, a visitar feiras e a preferirem alimentos integrais, mas tudo dentro da lógica das necessidades de quem tem problemas renais. Além da manutenção das dietas, os pacientes criaram uma rede de relacionamento que permitiu troca de receitas e informações que estimulam outros a avançarem nas fases de mudança de hábitos.

Léa Medeiros
Divulgação Institucional

O trabalho também produziu uma cartilha didática com orientações nutricionais para pacientes