Campus Viçosa

Revista do Jardim Botânico de Nova Iorque traz artigo sobre híbrido descrito por professor da UFV

18/12/2017

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O professor Pedro Bond Schwartsburd, do Departamento de Biologia Vegetal, é um dos autores do artigo A second ×Cyclobotrya (Dryopteridaceae) from Brazil, publicado na edição de dezembro da Brittonia, revista científica do Jardim Botânico de Nova Iorque (Estados Unidos). O artigo é sobre um híbrido intergenérico de samambaia que ele acabou de descrever, juntamente com dois outros pesquisadores brasileiros e dois norte-americanos. Híbridos intergenéricos, conforme explica Schwartsburd, são resultantes do cruzamento de espécies de gêneros distintos e extremamente raros na natureza, uma vez que correspondem à união de linhagens já separadas há milhões de anos. O híbrido descrito foi batizado de ×Cyclobotrya amalgamata, em que o × designa a hibridação. O gênero Cyclobotrya vem da fusão dos gêneros parietais Cyclodium + Polybotrya. Já o epíteto amalgamata faz referência à amálgama, uma mistura de elementos distintos.

Pedro Schwartsburd conta que ×Cyclobotrya amalgamata foi encontrada, “acidentalmente”, por ele, nas montanhas de Maranguape (Ceará), em 2011, quando cursava doutorado na Universidade de São Paulo (USP). O professor define a região da descoberta como “uma verdadeira ilha de Floresta Atlântica rodeada por um mar de Caatinga”. Pelos seus cálculos, deve haver ali algo em torno de 100 a 150 espécies de samambaias, pelo menos. Mas a região de Viçosa não difere muito nesta riqueza. Schwartsburd estima que por aqui haja cerca de 80 a 100 espécies. Para o levantamento da pteridoflora local, o professor tem desenvolvido projetos com alunos de graduação e de pós-graduação que já renderam publicação de diversos artigos científicos. Os estudos envolvem também o Parque Estadual da Serra do Brigadeiro, localizado na Zona da Mata mineira, onde ele acredita haver aproximadamente 200 espécies de samambaias.   

Segundo o professor, as pteridófitas correspondem a cerca de 10% da diversidade de plantas vasculares nas florestas ao redor do mundo. Isso talvez explique a variedade de características delas: “poucas são comestíveis; algumas prejudicam a agricultura e a pecuária; outras já têm importância para a agricultura; há aquelas usadas como ornamentais, e muitas têm importância ecológica onde vivem, servindo, dentre outras funções, de alimento, ninho e substrato”. Schwartsburd já tem em seu currículo a descrição de mais de 25 espécies novas de samambaias, muitas encontradas por ele mesmo e no Brasil, mas há também de outros países da América do Sul e da África. O artigo A second ×Cyclobotrya (Dryopteridaceae) from Brazil pode ser conferido neste link.

 

Adriana Passos
Divulgação Institucional