Campus Viçosa
31/10/2017
Foto: Minas Faz Ciência
Invenções que ajudem a economizar água são sempre bem-vindas, especialmente em períodos de grave crise hídrica como a que se observa em Viçosa este ano – foram mais de cem dias sem chuvas. Se a criação for direcionada à agricultura, então, ainda melhor, por ser este o setor que mais consome o precioso recurso. São variados, portanto, os motivos que levam a Universidade Federal de Viçosa (UFV) a comemorar a obtenção da 28ª patente concedida a uma invenção desenvolvida na instituição: o irrigâmetro.
Criado por pesquisadores da UFV, o irrigâmetro contribui para que agricultores possam lidar com uma situação bastante complexa: o manejo racional da água. A invenção permite saber com precisão o quanto a lavoura precisa ser irrigada. Assim, evita uma aplicação excessiva, que também resulta em desperdício de energia, ou o inverso, a deficiência hídrica nas plantas, que implica baixa produtividade e prejuízos ao produtor. Tudo isso sem a necessidade de se fazer cálculos, já que o instrumento fornece essas informações.
Além de benefícios econômicos e ecológicos, o irrigâmetro tem ainda um caráter social, por ser de simples utilização e custo relativamente baixo, cerca de R$ 1.600. Dessa forma, permite que pequenos produtores possam ser incorporados ao processo de manejo apropriado da água irrigada. “As pesquisas nem sempre geram tecnologia. Esta, ao contrário, levou à criação de um produto, que está sendo revertido para a sociedade na forma de benefício aos usuários, em termos de eficiência no uso dos recursos. Para a UFV, significa muito, considerando a contribuição que o irrigâmetro proporciona para a sociedade”, afirma o professor Rubens Alves de Oliveira, do Departamento de Engenharia Agrícola e atual diretor do Centro de Ciências Agrárias da UFV. Ele liderou a equipe de estudiosos que desenvolveu a tecnologia, os quais se encontram, igualmente, mencionados na Carta Patente PI 0502488-9: Gilberto Chohaku Sediyama, Hugo Alberto Ruiz, Paulo Roberto Cecon, Hermínia Emília Prieto Martinez, Mauro Aparecido Martinez, Wilson Deniculi, Cristiano Tagliaferre e Franklin José Valbuena Materan.
A patente abrange o território nacional brasileiro e estabelece que, durante dez anos, os direitos de exploração do invento pertencem exclusivamente ao seu titular, a UFV. O documento foi obtido 12 anos depois que a instituição entrou com pedido de depósito – período em que ainda não se usufrui a exclusividade dos direitos sobre o invento e no qual a criação vai ser analisada para que o Instituto Nacional de Propriedade Intelectual (Inpi) cheque se a mesma atende aos critérios necessários para ser patenteada. Segundo a legislação que rege o assunto no Brasil, são três os fatores a serem observados: novidade, atividade inventiva – quando, para um técnico no assunto, não decorra de maneira evidente ou óbvia do estado da técnica – e aplicação industrial.
O irrigâmetro já se encontra licenciado para comercialização por uma start up criada em 2007 para contribuir com o desenvolvimento do equipamento, a Irrigacerto. Com isso, a tecnologia percorreu todos os passos para a geração da inovação tecnológica, cumprindo seu objetivo principal, que é chegar ao mercado consumidor.
Marcel Ângelo
Divulgação Institucional
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