Campus Viçosa

Pesquisadores da Universidade concluem atividades em projeto de colaboração internacional

16/08/2016

O simpósio contou com parte da equipe do projeto

Um tema de pesquisa atual, que tem levado o nome da UFV além das fronteiras brasileiras, é a invasão biológica de plantas. Recentemente, integrantes do Laboratório de Ecologia e Evolução de Plantas (Leep) do Departamento de Biologia Vegetal (DBV) do campus Viçosa concluíram e celebraram a participação no projeto Inspected.Net, de colaboração entre Brasil, Alemanha e Portugal.

A invasão biológica de plantas gera consequências negativas para a biodiversidade e para os ecossistemas, entre outros, como alertou a professora do Leep Andreza Neri. Alguns desses ecossistemas, inclusive, foram estudados pelo projeto em regiões dos estados do Espírito Santo e da Bahia e de Portugal. Nesse país, os trabalhos se concentraram em dunas, que têm sido alteradas pela invasão da Acacia australiana. Tal invasão aumenta a quantidade de nitrogênio no solo, facilitando o estabelecimento de plântulas e o aumento da população, sombreando o solo. O Inspected.Net mostrou que uma dessas áreas, antes aberta e, agora, coberta e sombreada, teve suas espécies nativas ameaçadas.

A iniciativa, que, no Brasil, foi coordenada pelo professor do Leep João Augusto Meira Neto, teve como característica a interdisciplinaridade e contou com a participação de pesquisadores de diversas áreas, por exemplo, de ecologia da paisagem, ecofisiologia de espécies e sensoriamento remoto, por exemplo. Os trabalhos abordaram vários aspectos, como os distúrbios que as espécies invasoras podem causar e as possibilidades de alertar profissionais para atenuar a invasão biológica. Muitos resultados foram apresentados e, mesmo com o encerramento do projeto, colaborações e pesquisas continuarão: “temos metas futuras dentro dessa linha de pesquisa”, afirmou Andreza.

Como tudo começou
“Uma das vantagens de sair do país é trabalhar com redes de colaboração que já estão formadas”, explicou o professor João Augusto, que realizou um pós-doutorado na Universidade de Lisboa, em Portugal, em 2006. Lá, ele ajudou pesquisadores da instituição portuguesa e da Universidade de Bielefeld, da Alemanha, a solucionar problemas de amostragem na invasão da Acacia nas dunas portuguesas. E isso fez com que, em 2010, fosse chamado para compor um novo projeto de colaboração internacional, que seria financiado pela União Europeia e realizado entre as universidades de Lisboa, de Bielefeld, de Münster (Alemanha) e a Federal de Viçosa.

Assim, surgiu o projeto Inspected.Net, que permitiu o intercâmbio de pesquisadores, professores e estudantes de pós-graduação. Quatro doutorandos e um pós-doutorando da UFV realizaram parte dos seus estudos nos outros países e quatro estudantes estrangeiros estiveram em Viçosa. Além disso, João Augusto foi convidado e está avaliando a possibilidade de ficar até dois anos como professor visitante na Universidade de Münster.

O projeto foi um sucesso e mostrou que a UFV e o Brasil fazem ciência de alto nível, além de abrir portas para mais pesquisadores trocarem experiências, segundo o professor. “Cientificamente, o resultado foi muito positivo. Em relação à formação e consolidação da rede de colaboração, tivemos mais sucesso ainda”, disse.

Encerramento das atividades
O projeto foi encerrado nos dias 25 e 26 de julho, com a realização do International Symposium on Biological Invasion no campus Viçosa (foto), coordenado pela professora Andreza, com o apoio do então pós-doutorando da UFV Markus Gastauer e o pesquisador da Universidade de Münster Jan Lehmann.

Andreza avaliou o evento como extremamente positivo, com uma participação expressiva dos integrantes do Inspected.Net e de outros interessados na área. Além de destacar a atuação do pesquisador da Universidade de Münster e coordenador geral do projeto, Tillmann Konrad Buttschardt, o professor João Augusto ressaltou a importância do simpósio. Segundo ele, a UFV foi escolhida para sediar o evento por causa da sua boa atuação no projeto e isso significou um reconhecimento para o grupo: “foi importante para mostrar que estamos em um bom nível científico e internacional”.

Entre os apoiadores do simpósio esteve o Centro Alemão de Ciência e Inovação de São Paulo (DWIH-SP), cujo coordenador, Marcio Weichert, falou sobre oportunidades de fomento e de cooperações científica entre Brasil e Alemanha. Ele também apresentou o Centro como uma iniciativa do governo alemão para acelerar a internacionalização da ciência daquele país e conectá-la a instituições e setores no exterior, com o objetivo de promover trocas de conhecimento. O DWIH-SP é como uma plataforma, que reúne agências de fomento, universidades e redes de pesquisa, entre outros, com essa finalidade.

Marcio destacou, ainda, que o sistema de pontuação da Capes, principalmente dos programas de pós-graduação, é conhecido pelos alemães e sempre que utilizado para confrontar dados, mostra a qualidade da UFV.

 

(Divisão de Jornalismo)