Campus Viçosa

UFV participa de reunião sobre enfrentamento da crise hídrica

17/05/2016

A reunião aconteceu na sede do Saae, no bairro Bela Vista

Representantes da Universidade, da Prefeitura Municipal e do Serviço Autônomo de Água e Esgoto de Viçosa (Saae) realizaram, na tarde desta segunda-feira (16), uma reunião para apresentar as ações realizadas e planejadas para garantir o abastecimento de água no período de estiagem. O encontro contou com a participação de profissionais da imprensa local e regional e da Câmara Municipal de Viçosa, entre outros.

A reunião foi iniciada pelo prefeito Ângelo Chequer, pelo secretário de Governo Luciano Piovesan e pelo diretor-presidente do Saae, Rodrigo Bicalho, que destacaram que o trabalho conjunto da cidade e da Universidade tem sido estratégico para enfrentar a crise hídrica e tentar antecipar os possíveis problemas e soluções relacionados ao abastecimento de água em Viçosa. “Neste ano, estamos mais preparados do que nos anos anteriores”, ressaltou o prefeito, lembrando, ainda, que o envolvimento da população no processo é essencial.

O diretor-presidente do Saae, Rodrigo Bicalho, explicou que a situação municipal atual é de estiagem, com um período de chuvas mais restrito do que em 2015, e de 24 anos sem investimentos nas duas estações de tratamento de água (ETA I e II) da cidade, exceto pequenas reformas. As obras, necessárias, não são simples; demandam projetos complexos e grandes investimentos. Além delas, é preciso melhorar a capacidade de reserva e a distribuição do recurso.

Entre as ações emergenciais realizadas pela prefeitura e pelo Saae no ano passado estiveram a criação de um plano de contingência e de uma comissão de acompanhamento da crise hídrica, a suspensão de atividades que envolvem o consumo elevado de água fornecida pelo Saae, o melhoramento dos plantões telefônico e de fiscalização e suas comunicações com a equipe técnica do Serviço, além da divulgação de campanhas informativas e de conscientização e aplicação de multas por desperdício. O rodízio de abastecimento de 24 horas por semana também foi importante e, por isso, voltará a acontecer a partir desta terça-feira (17), de acordo com o cronograma disponibilizado no site do Saae.

Das ações de médio prazo que estão em processo de análise e de execução, Rodrigo destacou o projeto de ampliação da ETA II, que está localizada no bairro Violeira e capta água do rio Turvo, manancial diferente e de maior capacidade do que o da ETA I, que está localizada no bairro Bela Vista e capta do ribeirão São Bartolomeu. A ampliação da ETA II aumentará a capacidade de tratamento de água de 100 para 220 litros por segundo. De acordo com o diretor-presidente do Saae, a ação será importante e deverá contar com a interligação da adutora (conjunto de encanamentos e peças que transportam a água em um sistema de abastecimento) e com a construção de reservatórios para trazer bons resultados para a população. Além disso, é necessário implementar uma área de proteção ambiental nas bacias hidrográficas do ribeirão São Bartolomeu e do rio Turvo. Em longo prazo, Rodrigo disse que a expectativa é construir uma ETA III.

Ações da UFV
A pró-reitora de Administração, Leiza Granzinolli, reforçou a importância da parceria entre cidade e Universidade: “é assim que conseguimos enfrentar os desafios”. Ela comentou que a instituição, que tem uma estação de tratamento própria (ETA UFV) e capta água do ribeirão São Bartolomeu, considera a recuperação das bacias hidrográficas como ação principal e urgente. De acordo com a pró-reitora, a cidade e a Universidade podem investir em ações de curto, médio e longo prazo para garantir o abastecimento de água, mas, sem a recuperação das bacias hidrográficas, não haverá investimento capaz de resolver a crise hídrica. “É isso que devemos focar e não perder de vista”, disse. Ela lembrou que a Universidade está disponível para contribuir com conhecimentos, pesquisas e projetos; mas precisa da parceria da cidade.

O engenheiro ambiental da Divisão de Água e Esgoto, João Francisco Pimenta, também participou da reunião, na qual mostrou que, desde 2014, a precipitação das chuvas na cidade ficou abaixo da média histórica. Isso influenciou na disponibilidade de água nos mananciais municipais, principalmente no ribeirão São Bartolomeu, que já sofre com a retirada de cobertura vegetal, urbanização e compactação do solo, entre outros fatores. A Universidade vem investindo na gestão dos recursos hídricos em seu campus, com ações de monitoramento de vazões do ribeirão e do consumo de água. Ela realizou, por exemplo, o rodízio de abastecimento e melhorias em sua estação de tratamento; adquiriu e instalou equipamentos mais eficientes, como purificadores, novas torneiras e válvulas de descarga; suspendeu atividades que envolvem o consumo elevado de água, como as do Hotel e da piscina; encerrou as atividades da lavanderia; reduziu o horário de atendimento da Biblioteca Central e do Restaurante Universitário, que recebem grandes quantidades de estudantes diariamente; utilizou água não tratada e das chuvas e reutilizou águas cinzas quando possível; adequou as novas edificações para reúso da água; desenvolveu projetos para tratamento de efluentes, possibilitando a utilização de novos pontos de captação e o aumento a capacidade de reserva; buscou fontes alternativas, como poços e caminhões-pipa, além de divulgar campanha informativa e de conscientização, entre outras ações. Com isso, e com o envolvimento da comunidade universitária, a UFV diminuiu seu consumo de água, mesmo que o número de pessoas que frequentam o campus tenha aumentado. A média anual, em 2013, era de 16 litros por segundo e passou para 15,2 L/s, em 2014; 12,2 L/s, em 2015, e 13 L/s, até agora, em 2016.

Os desafios, como a pró-reitora e o engenheiro ambiental disseram, ainda são muitos e estão em andamento – incluindo a construção de uma unidade de tratamento de resíduos e reuso da água na ETA UFV. O fato de diversos setores da Universidade não terem reservatórios próprios, por exemplo, é um agravante e, por isso, a instituição não pode realizar um rodízio de abastecimento maior, como o do Saae. Porém, ele também será adotado novamente a partir da próxima semana.

Vale destacar que também estiveram presentes na reunião o assessor especial da Pró-reitoria de Administração e representante da UFV na comissão de acompanhamento da crise hídrica, Belmiro Zamperlini; o diretor de Manutenção de Estruturas Urbanas e Meio Ambiente, Jefferson Fontes, e o diretor de Resíduos, Ulisses Comini.

 

(Divisão de Jornalismo)