Campus Viçosa

Revista internacional publica estudo pioneiro sobre microfungos ameaçados de coextinção

29/02/2016

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A renomada revista PLOS ONE (Qualis A1), editada pela Public Library of Science, acaba de publicar o artigo Naming Potentially Endangered Parasites: Foliicolous Mycobiota of Dimorphandra wilsonii, a Highly threatened Brazilian tree species, que tem a autoria de uma equipe composta por professores e alunos do Departamento de Fitopatologia da UFV e pelo botânico Fernando Fernandes, da Fundação Zoo-Botânica, de Belo Horizonte. O trabalho é resultado da pesquisa de mestrado de Meiriele da Silva e foi concebido e orientado pelo professor Robert Weingart Barreto.

O artigo é o segundo publicado no tema Conservação de Fungos Brasileiros pela equipe coordenada pelo professor Barreto. O primeiro foi em 2010, na revista Mycologia, com o título Foliar mycobiota of Coussapoa floccosa, a highly threatened tree of the Brazilian Atlantic Forest.

Em ambos foram explorados e descritos os fungos associados a plantas brasileiras reconhecidas como ameaçadas de extinção. Os artigos trazem evidências de que essas espécies de fungos, sendo especializadas e dependentes das plantas que os abrigam, desaparecerão, caso as plantas hospedeiras sejam extintas. Esse processo foi denominado por Charles Darwin de coextinção. 

De acordo com o professor Robert, os trabalhos pretendem contribuir para colocar os fungos “no radar” das iniciativas para a conservação da biodiversidade e mostrar que, mesmo sendo em sua maioria desconhecidos e microscópicos, eles não estão livres do processo de extinção em massa da biodiversidade imposto pelas atividades humanas. O professor ressalta que, usualmente, instituições e profissionais dedicados à conservação da natureza têm seus olhos voltados exclusivamente para plantas e animais, particularmente os que têm apelo para o grande público – “coloridos e fofinhos”. Os fungos, no entanto, segundo ele, são megadiversos e importantes para a manutenção de processos fundamentais na natureza. Além disso, são, muitas vezes, belos, como alguns dos ilustrados no trabalho recém-publicado.

O professor Robert lembra que a ocupação devastadora do Cerrado, onde os poucos e últimos exemplares do faveiro de Wilson (Dimorphandra wilsoni) ainda existem, está por trás da raridade da planta hospedeira e do risco de extinção para os fungos incluídos no trabalho recém-publicado. Sobre Dimorphandra foram encontradas 14 espécies de micro-fungos, descritas e ilustradas. Seis delas eram novas para a ciência e uma dessas representava, inclusive, um novo gênero de fungo. Dentre elas, três eram exclusivas do faveiro de Wilson, e podem estar em risco de extinção. O trabalho da equipe de pesquisadores pode ser acessado na página: http://journals.plos.org/plosone/article?id=10.1371/journal.pone.0147895.

Na foto acima, um registro de estruturas frutificativas de Microcalliopsis dipterygis (parecendo o satélite russo Sputnick) formadas sobre a superfíce foliar de Dimophandra wilsonii.

 

 

(Divisão de Jornalismo)