Campus Viçosa

Setor de bioenergia da UFV ganha Prêmio Mares Guia da Fapemig

23/11/2015

O Departamento de Fitotecnia é reconhecido mundialmente por suas pesquisas

As contribuições do Departamento de Fitotecnia (DFT) para o desenvolvimento de variedades de plantas usadas como biocombustíveis foram reconhecidas com o Prêmio Marcos Luiz dos Mares Guia de Pesquisa Básica, concedido pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig). A premiação foi entregue à UFV nessa segunda-feira (23), em uma solenidade no Palácio das Artes (Belo Horizonte). O evento integra o Inova Minas Fapemig.

O Prêmio contempla instituições ou empresas mineiras que tenham se distinguido na condução de estudos e pesquisas básicas que contribuíram, de forma significativa, para o avanço do conhecimento científico e apresentem potencial para subsidiar o desenvolvimento de soluções para problemas da humanidade. O Departamento de Fitotecnia foi indicado pela Pró-reitoria de Pesquisa e Pós-graduação da UFV.

Contribuições das pesquisas
O Departamento de Fitotecnia já é reconhecido mundialmente pelas pesquisas que fizeram com que o Brasil tivesse a matriz energética mais limpa do mundo graças à bioenergia. Enquanto a média mundial de geração de energia com fontes renováveis é de 13%, no Brasil o índice é 45%. O Departamento de Fitotecnia tem contribuição direta no sucesso do setor, uma vez que as tecnologias geradas na UFV subsidiaram a evolução da cadeia produtiva da cana-de-açúcar e do complexo de soja no Brasil.

Para se ter uma ideia, a energia gerada pelo setor sucroenergético no Brasil é superada apenas pelo petróleo. Quando somadas à bioeletricidade e ao etanol combustível, a cana-de açúcar é a segunda maior fonte de energia do país (16% do total), superando inclusive a energia gerada nas hidrelétricas (14% do total). A cadeia da soja, que produz prioritariamente alimentos, também contribui com a produção do biodiesel, reduzindo as importações de diesel de petróleo e as emissões de gases causadores do efeito estufa.

Melhoramento genético de cana-de-açúcar
O Brasil é o maior produtor mundial de cana-de-açúcar, o maior produtor e exportador de açúcar e o segundo maior produtor de etanol, atrás apenas dos Estados Unidos, que produz etanol de milho com eficiência muito inferior ao etanol de cana. Parte deste sucesso se deve a trabalhos de pesquisa desenvolvidos pelo Departamento de Fitotecnia. Dos 10 milhões de hectares cultivados com cana no país, aproximadamente 30% (3 milhões de hectares) estão plantados com a variedade RB 867515, desenvolvida pelo Programa de Melhoramento Genético de Cana-de-açúcar do DFT da UFV, coordenado pelo professor Márcio Barbosa. Esta é a cultivar mais plantada do mundo. O DFT também está integrado à Rede Interuniversitária de Desenvolvimento do Setor Sucroalcooleiro (Ridesa).

Soja
A soja talvez seja o cultivo comercial mais surpreendente na história do Brasil agrícola. De uma planta totalmente desacreditada há 30 anos, passou a ser a mais importante commodities da balança comercial, tornando o Brasil o segundo maior produtor mundial.  Mais uma vez a UFV fez história. O cerrado era uma região inóspita e sem perspectivas agrícolas. As variedades de soja modificadas geneticamente pela equipe liderada pelo professor Tuneo Sedyama para se adaptar à região permitiram o sucesso do grão na região central do Brasil. Outras pesquisas do Departamento de Solos da UFV também contribuíram para a fertilização da terra até então pouco afeita a plantios comerciais. Hoje, a soja gera alimentos, energia e sustenta a produção de carnes com a produção de farelos para os animais.

De olho no futuro
O que aconteceu com a soja no Cerrado pode acontecer com a macaúba em Minas Gerais. Atento às demandas do setor energético, o Departamento de Fitotecnia passou as últimas décadas pesquisando novas plantas capazes de gerar energia de qualidade em plantios sustentáveis e com alta produtividade.

A macaúba, uma planta muito comum no Brasil, pode ser a promessa para um futuro próximo. Enquanto um hectare de soja produz 500 litros de óleo, o mesmo espaço cultivado com a macaúba pode render mais de seis mil litros.

Quando foi a público para mostrar o potencial da macaúba, a UFV já tinha pesquisas aplicáveis em toda a cadeia produtiva: melhoramento de variedades, sistema de cultivo ideais, extração e refino de óleo.

Já existe um mercado potencial para cadeia industrial da macaúba. Até 2050, as empresas aéreas mundiais precisam reduzir em 50% a emissão de CO2 gerada por querosene. Graças às pesquisas da equipe liderada pelo professor Sérgio Motoike, o governo de Minas irá investir no plantio da cultivar e fará com que o aeroporto Tancredo Neves, em Belo Horizonte, seja totalmente abastecido pelo bioquerosene produzido no estado a partir de refinarias de macaúba.

Outros estudos, liderados pelo professor Luiz Dias, têm mostrado também o potencial da jatrophra - ou pinhão manso - na produção de bioenergia.

Mais informações sobre as pesquisas do Departamento de Fitotecnia estão no vídeo produzido pela Coordenadoria de Comunicação Social, que pode ser conferido aqui

 

(Léa Medeiros)