Campus Viçosa

Para ministra Nilma Gomes, Brasil está avançando nas conquistas da igualdade racial

23/03/2015

A ministra inaugurou o ano letivo da UFV

A ministra de Estado Chefe da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial da Presidência da República, Nilma Lino Gomes, foi recebida no Espaço Acadêmico-cultural Fernando Sabino com diversas manifestações da cultura negra da região, como a Banda de Congo de Arões e encenações de dança e teatro. Ela esteve em Viçosa, na sexta-feira (20), para proferir a aula inaugural do ano letivo de 2015 na UFV, que teve como tema Universidade, equidade e diversidade: desafios da promoção da igualdade racial.

Pedagoga, mestra em Educação pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), doutora em Antropologia Social pela Universidade de São Paulo (USP) e pós-doutora em Sociologia pela Universidade de Coimbra, Nilma Lino é professora da UFMG e pesquisadora das áreas de Educação e Diversidade Étnico-racial. Ela também foi reitora da Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (Unilab), no Ceará. Foi na Associação de Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes) que ela conheceu a reitora Nilda de Fátima Ferreira Soares e prometeu que sua primeira viagem como ministra seria à UFV.

Muito aplaudida pelos professores, estudantes e representantes dos movimentos negros regionais que lotaram o teatro, a ministra afirmou que a presença quase equânime de negros e brancos na plateia de uma Universidade era uma prova de que o Brasil está avançando nas conquistas da igualdade racial. Aos estudantes disse que não se pode avançar nas carreiras individuais e no progresso da nação negando-se as origens que formaram a sociedade brasileira. 

A ministra explicou que a Secretaria que preside foi criada no governo do ex-presidente Lula, em 2013, após o Brasil participar da Conferência Mundial das Nações Unidas contra o Racismo, a Discriminação Racial, a Xenofobia e a Intolerância, em Durban, na África do Sul, onde cerca de 170 países se comprometeram a definir estratégias globais de combate ao racismo e à discriminação em suas distintas manifestações. Nesta mesma época, pesquisas realizadas pelo Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (Ipea) mostraram claramente a existência do racismo no Brasil e sua relação com a pobreza e a desigualdade social. “Ao reconhecer o racismo e a marginalização histórica dos negros e se comprometer internacionalmente para combatê-la, o governo brasileiro começou a definir políticas públicas e ações afirmativas para compreender o alcance do problema e traçar estratégias para reduzir as diferenças”, disse.

Nilma Lino Gomes explicou ainda que a política de cotas para negros nas universidades públicas brasileiras é apenas uma das ações afirmativas de promoção ao respeito da diversidade racial. Existem ainda outras iniciativas como o resgate das tradições culturais e projetos de inserção de negros no mercado de trabalho, por exemplo. Quanto à política de cotas, a ministra esclareceu que o governo avalia bem o desempenho dos estudantes que entraram para as universidades pela Lei de Cotas e os reflexos socioeconômicos que o acesso ao ensino superior tem trazido para as famílias e comunidades tradicionalmente marginalizadas.

A ministra também explicou que o papel da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial é articular ações afirmativas em todas as áreas do governo, ouvir as demandas dos movimentos negros organizados e criar condições para a igualdade racial no Brasil.

A ministra encerrou a sua fala reproduzindo um pensamento do sociólogo Boaventura de Souza Santos: “temos o direito a ser iguais quando a nossa diferença nos inferioriza e temos o direito a ser diferentes quando a nossa igualdade nos descaracteriza. Daí a necessidade de uma igualdade que reconheça as diferenças e de uma diferença que não produza, alimente ou reproduza as desigualdades." 

Nas fotos, alguns registros da visita da ministra, inclusive de sua assinatura no Livro de Ouro da UFV.

(Léa Medeiros)