Campus Viçosa
19/03/2014
No Brasil, existem mais de 70 mil estabelecimentos de educação básica na zona rural, segundo levantamento realizado, em 2012, pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep). E é para atender a parte dessa demanda que foi criado, na UFV, o curso de Licenciatura em Educação do Campo, cujo primeiro processo seletivo aconteceu em fevereiro. Os 120 aprovados na primeira chamada realizaram a matrícula nessa quarta-feira (19), no campus Viçosa.
Para o coordenador do curso, o professor do Departamento de Educação Geraldo Márcio Alves dos Santos, o principal objetivo da Licenciatura em Educação do Campo é o desenvolvimento da área rural, possibilitando para aqueles que queiram se fixar no campo um nível de vida de mais qualidade.
A integrante do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) Raquel Aparecida Pereira da Silva viu na licenciatura uma possibilidade de intervir em sua realidade. Aos 27 anos, Raquel, que reside no Assentamento 1º de Junho do Vale do Rio Doce, acredita ser fundamental formar sujeitos sociais dentro de sua própria área.
Maria de Fátima dos Santos, de 46 anos, também se inscreveu no curso e considera que será uma oportunidade para o trabalhador rural que não quer se mudar para a cidade. A maior motivação, para Maria de Fátima, é ajudar o morador do campo a desenvolver competências e habilidades necessárias para a sua vida diária.
O sonho de lecionar não é novidade para o trabalhador rural Eliseu Gonçalves Pereira, de 28 anos, que já tentou em outras ocasiões cursar o magistério. Há 22 anos, Eliseu vive no Assentamento da Reforma Agrária no Vale do Rio Doce e pretende aprimorar seus conhecimentos, se especializando na área em que atua na zona rural.
O quilombola Assis Paulo Pereira dos Santos, presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais, veio como procurador para realizar a inscrição de 12 trabalhadores rurais de sua região, no município de Ouro Verde de Minas. Em sua opinião, o curso abre uma janela de oportunidade de estudo para os filhos dos trabalhadores rurais, quilombolas ou indígenas, que nem sempre tinham acesso à formação superior.
Como a maioria dos alunos já traz uma experiência de vida, o professor Geraldo Santos conta que a proposta metodológica do curso terá como base o diálogo dos saberes, equilibrando o conhecimento popular e o acadêmico e científico. O pró-reitor de Ensino, Vicente de Paula Lelis, destaca que a Licenciatura em Educação do Campo permitirá à Universidade atender um público diferenciado, que poderá lecionar em escolas do campo.
Nas fotos, alguns registros do dia de matrículas. Vale lembrar que a segunda chamada do curso acontecerá no próximo dia 20, com matrícula prevista para 23 de março.
(Carolina Pires)
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