Campus Viçosa
09/11/2017
Modelos de movimento no Laboratório de Análises Biomecânicas da UFV
Os diabéticos caem e se machucam mais por causa da doença ou porque não fazem exercícios? Perguntas como esta motivaram pesquisadores do Departamento de Educação Física da UFV a utilizar uma tecnologia de ponta para descobrir se é o sedentarismo ou o diabetes a causa de tombos e dificuldades de equilíbrio e locomoção nos portadores da doença. O resultado traz uma novidade até mesmo para os médicos que não estavam seguros sobre como prescrever atividades físicas para diabéticos.
O diabetes é uma doença crônica na qual o corpo não produz insulina ou não consegue empregar adequadamente a que produz. A doença é tratável com doses de insulina, um hormônio que controla a quantidade de glicose no sangue e mudanças de hábitos de vida, mas é preciso um monitoramento constante da doença, o que muitos não fazem.
O diabetes afeta mais de 13 milhões de pessoas no Brasil. Isso representa quase 7% da população que nem sempre sabe que é portadora da doença. Quando descobrem, muitos já estão com complicações que poderiam ter sido evitadas. Entre elas, as neuropatias diabéticas que começam com um simples formigamento e perda de sensibilidade nas extremidades do corpo e podem chegar à amputação dos membros.
O professor Paulo Roberto Amorim, orientador da pesquisa, explica que muitas vezes, com a perda de sensibilidade nas extremidades do corpo, um diabético não percebe uma pequena lesão ou mesmo uma meia apertada que pode se transformar numa escara que dificilmente cicatriza. “Essa perda de sensibilidade também modifica a forma como os pacientes caminham ou fazem atividades rotineiras, comprometendo ossos, músculos, articulações e postura. Nós queremos saber como isso acontece para evitar perda de qualidade de vida para os diabéticos”.
O trabalho foi realizado para a dissertação de mestrado Impacto dos comportamentos ativos e sedentário sobre o equilíbrio, composição corporal e autocuidado em portadores de diabetes mellitus, do pesquisador Yuri de Lucas Xavier e co-orientado pela professora Amanda Piaia Silvatti. As avaliações foram realizadas no Laboratório de Análises Biomecânicas do Departamento de Educação Física. Usando um sistema optoeletrônico para análise tridimensional do movimento, os pesquisadores avaliaram a marcha de diabéticos em fase inicial da doença, outros com neuropatias e um grupo de controle, sem a doença. Os voluntários tinham entre 40 e 70 anos. Também foram avaliados o equilíbrio e medo de queda. O resultado surpreendeu os pesquisadores. O diabetes, associado ao baixo nível de atividade física impacta negativamente os parâmetros de uma simples caminhada, aumentando o risco de queda em 21% quando comparados com indivíduos não diabéticos.
Segundo os pesquisadores, os dados mostram que exercícios físicos que fortalecem a musculatura e o equilíbrio são ainda mais recomendados para diabéticos. “Quando as neuropatias já estão evidentes, os médicos têm dúvidas em prescrever atividades físicas, mas a falta de sensibilidade é um indicativo importante para fortalecer a musculatura e evitar dores e quedas”, disse Paulo Amorim. A tendência à queda e desequilíbrio pode ainda subsidiar o trabalho de fisioterapeutas e educadores físicos na prescrição de atividades físicas que trabalhem equilíbrio e fortalecimento muscular. “O sedentarismo piora o risco de queda e desequilíbrio. Quanto antes o trabalho físico começar, menores os danos”, afirmou o professor.
Para a professora Amanda, a pesquisa indica que é preciso conhecer melhor os efeitos do diabetes no equilíbrio e na alteração da marcha, assim como a relação da atividade física habitual mesmo no início da doença, em diferentes faixas etárias. Por isso, a pesquisa deverá continuar avaliando novos parâmetros de movimento nos portadores da doença para subsidiar o tratamento da doença levando mais qualidade de vida aos diabéticos.
Léa Medeiros
Divulgação Institucional
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