Campus Viçosa

Discurso da oradora

30/01/2017

*Segunda formatura de janeiro de 2017 do campus Viçosa

Nas diversas vezes em que ficamos pensando sobre este dia, no fundo, parece que sempre tivemos a impressão de que estava muito distante. Talvez, por isso, esta sensação de que a ficha não caiu e, ao mesmo tempo, a emoção tão grande de estarmos vivendo este momento. O sorriso vem fácil, descer o escadão do Multiuso jamais foi tão gostoso; o grande dia chegou!

Entretanto, tivemos que percorrer um longo caminho para chegar até aqui. Gostaria de convidar todos vocês para uma viagem no tempo, uma viagem em nossas memórias. Há quatro anos (cinco, seis, sete, oito...), tivemos a emoção de ser aprovados em uma universidade federal. Para muitos, era o lugar dos sonhos e para outros tantos, era a universidade que só conheciam pelo Guia do Estudante. Fomos à loucura! Começaria o que muitos de nós diriam ser a melhor fase de nossas vidas. Mas, antes de embarcar nessa fase, tivemos que nos despedir dos nossos velhos amigos, do conforto do nosso lar, ouvir um intensivão de conselhos dos nossos pais, com direito a: “alimente-se bem”, “cuidado para não ficar resfriado saindo na friagem”, “fique esperto com as más companhias”, “estude direitinho e não fique nervoso com as provas”. Enquanto cumpríamos esses “rituais”, íamos conhecendo, pelo falecido Orkut, nossos futuros colegas. Os dias foram passando e chegou a hora de arrumar as malas. E, talvez, uma das coisas mais difíceis tenha sido olhar nos olhos dos nossos pais e vê-los segurando as lágrimas. Afinal, havia chegado a hora de batermos asas e conhecermos novos ares. Aguentamos firme e partimos cheios de expectativas!

Chegamos em Viçosa! Muitos devem ter se perguntado ao descerem na rodoviária: “aqui é Viçosa mesmo?”. Talvez alguns só tenham acreditado em frente às Quatro Pilastras. Sem dúvidas, a mais bela das Universidades.

Hora de procurar república; quando acabamos conhecendo lugares e pessoas que passaríamos a chamar de “casa” e “família”. Dessa segunda família, geralmente recebemos o conselho mais sábio que um calouro pode receber na primeira semana de aula: “não vá com roupas novas para a aula nessa semana”. Primeira semana, em que acabaríamos sendo trolados por algum veterano com “a prova do catálogo”, “prédio do Sapiens, que fica perto da Veterinária”; mas, também, em que puxaríamos papo com desconhecidos, que se tornariam companheiros certos para os próximos anos.

De certa forma, sentíamos que seríamos independentes, mas essa “independência” viria junto com muitos desafios e responsabilidades. Ainda como calouros, aprendemos uma grande lição: em um só coração cabem todos os sentimentos do mundo; saudade de casa, inseguranças, susto com o ritmo das disciplinas, aperto com os estudos. Por outro lado, Viçosa nos deu as boas-vindas com classe, fomos recebidos com as melhores calouradas – ainda podíamos nos das ao luxo de ir em várias, pois eram menores e mais baratas.

E os períodos seguintes não ficaram atrás, podemos dizer que fizemos parte de uma geração que saboreou Nicoloco; Batman; Chegando e Bebendo; Torresmo, Cachaça e Viola; Teddies; quintas no Leão; QuintaNeja no Galpão; Nicolopes; o saudoso Sítio das Palmeiras... Ahhh, Viçosa, ainda bem que suas ruas não falam...

No entanto, as paredes da Biblioteca Central (BBT) é que deveriam falar... Para cada festa, antes tínhamos que “pagar” várias horas de estudo por lá. E não foram poucas. Madrugadas afora para salvar aquela disciplina no fim do período. Alguns até ficavam presos lá, quem não se lembra? Em cada ponto da BBT tinha um papel especial. No último andar, sumíamos de circulação, para que a preguiça de descer servisse de estímulo para não irmos embora. Na sala de estudo em grupo, reuníamo-nos em busca daquele colega salvador da pátria, com um resumo brilhante ou lista de exercícios resolvida. Nos caixotes, tinha aquele momento em que, antes de começar a estudar, queríamos dar boas risadas, então acabávamos perdendo meia hora de estudo lendo todos os recadinhos escritos neles... Ou então tirar aquele cochilo no aquário, entre uma janela e outra.

Mas, numa universidade como a UFV, estudar apenas nos livros seria um tremendo desperdício. Então, começamos a fazer iniciação científica, empresa júnior, Pibid, Pibex, Aiesec, Engenheiros sem Fronteiras, tutoria, estágio, atléticas, intercâmbio, participamos de Centros Acadêmicos e de mais uma infinidade de atividades extracurriculares que tinham o dom de nos envolver mais que qualquer aula, principalmente se fosse uma na sexta, oito horas da manhã...

Para evitar aula nesse horário perigoso, fazer matrícula na disciplina desejada ou para fugir de algum professor, tivemos que encarar inúmeras “batalhas no Sapiens”, em que já dominávamos estratégias como apertar F5 um milhão de vezes por minuto. Sapiens, Sapiens... Pior que as batalhas, só quando você insistia em ficar vermelho. Em compensação, quando aceitava a dominação azul no fim do período, era só alegria. Se fosse 60 então, “grade pra galera por minha conta”!

O tempo foi passando e aqueles amigos que nos receberam no começo foram embora, novos foram chegando e nós, aos poucos, íamos deixando de ser os espantados calouros e nos tornando veteranos, os “dinos”, procurados para dar conselhos sobre a vida acadêmica. Nas conversas de bar, já começavam a surgir termos como: “na nossa época”. E a ideia de que nosso tempo em Viçosa estava acabando começava a surgir.

E hoje, estamos aqui para, em breve, nos tornarmos “ex-alunos da Universidade Federal de Viçosa”. Depois dessa viagem, lembrando um pouquinho do que foram esses últimos anos, gostaria de convidá-los a olhar para todos esses amigos que estão aqui para viver esse momento conosco. Entre eles estão muitos com os quais demos boas risadas, compartilhamos momentos de angústia e também nossa família, não mais com lágrimas nos olhos porque estamos indo embora, mas porque valeu a pena segurar o nó na garganta e apoiar nosso sonho, que hoje alcançamos. Sonho esse que é uma porta mágica para novos mundos e novos sonhos.

Amanhã, sentiremos saudade de tudo que vivemos aqui, do RU (mesmo em dias em que não era strogonoff), do tempo na BBT, das subidas e descidas na reta, com sol, chuva e frio (às vezes tudo isso num só dia), de passar no DCE na hora do almoço e, acredite, até daquele miojo pós-festa, mas, principalmente, das pessoas. Pessoas que fizeram da UFV não uma boa universidade, mas a melhor universidade em que poderíamos ter estudado; que fizeram de Viçosa “Viciosa” e que, agora, estão fazendo nossos corações dispararem de alegria.

Saímos daqui mais maduros, prontos para novos desafios. Deixamos Viçosa com o coração apertado. Sentiremos saudades, é claro; uma saudade que talvez nunca passe, mas que, com certeza, vai sossegar com o tempo. Serão lembranças queridas da memória, para sempre terá sido coragem, para sempre terá sido vitória.

Agora, vamos fazer valer cada segundo e aproveitar muito a realização deste sonho, pois há um mundo inteiro esperando por nós!