Campus Viçosa

Núcleo de Microscopia e Microanálise comemora 10 anos como exemplo de laboratório multiusuário

24/06/2015

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As três imagens ao lado mostram uma mesma parte da planta Curatella americana, conhecida popularmente como lixeira. No passado a planta do cerrado brasileiro era usada para arear panelas e lixar unhas porque é constituída por até 80% de sílica. A diferença entre as três imagens está no poder da lente de um microscópio. A primeira foi aumentada 250 vezes; a segunda, 716 e a terceira, 1500 vezes. O nível de detalhamento destas imagens é ainda pequeno perto do que pode fazer um novo microscópio recentemente adquirido pelo Núcleo de Microscopia e Microanálise (NMN) da UFV. Ele pode ampliar uma imagem até 630 mil vezes. Para usá-lo talvez seja preciso entrar numa fila de espera que pode durar meses.  Isso porque os equipamentos do NMM/UFV não param de funcionar para dar conta das fronteiras do conhecimento em todas as áreas de pesquisa.

O NMN está comemorando 10 anos de atuação como um bom exemplo de laboratório multiusuário e do bom uso do dinheiro público. Tudo começou em 2004 quando havia apenas dois microscópios eletrônicos na Universidade. Quem precisasse usar tinha que contar com a boa vontade dos poucos pesquisadores que conseguiam comprá-los com seus projetos. Foi então que um grupo de possíveis usuários se juntou para criar o Núcleo de Microscopia destinado a multiusuários. A partir de 2005, tudo o que foi comprado deveria atender a toda a UFV, otimizando o uso de equipamentos muito caros e sofisticados.

Atualmente, o NMM atende a 21 departamentos, mais de 120 professores e soma, em 10 anos, contribuições valiosas para mais de 700 pesquisas. Muitas delas foram premiadas, viraram capa de periódicos científicos de alto impacto e deram grande projeção às pesquisas realizadas na UFV. “Não é possível fazer pesquisa de ponta sem ir aos detalhes micro ou nanométricos, sem ver o que nunca foi visto e que pode revelar dados desconhecidos e de grande importância para o conhecimento”, disse o professor José Eduardo Serrão, coordenador do NMM.

Ainda segundo o professor Serrão, o NMM disponibiliza equipamentos, mas não realiza pesquisas próprias. “Nosso propósito é também o de contribuir para a formação dos pesquisadores”, afirma ao explicar que, depois de passarem por um treinamento, os próprios usuários podem operar os equipamentos. O objetivo é dar eles a oportunidade de aprofundar os estudos das amostras.  “Ele tem que ver a sua amostra, observar detalhes que o ajudam a compreender o que está estudando e até ir além do que esperava”, diz Karla Gonçalves Ribeiro, uma das técnicas responsáveis pelo Núcleo.

No NMM, os preços dos equipamentos são inversamente proporcionais ao tamanho das imagens. Um microscópio capaz de aumentar uma imagem mais de 600 mil vezes ou de permitir a observação de células ou nanomoléculas pode custar quase R$2 milhões.  Quase todos os equipamentos foram comprados com recursos do CT Infra/Capes, da Fapemig e do CNPq. “O que temos de mais barato aqui custa em torno de R$300 mil. E todos eles são usados o dia todo por quem precisar. Tudo aqui é utilizado na capacidade máxima para justificar o investimento”, conta Gilmar Valente, outro técnico responsável pelos equipamentos. A diversidade das pesquisas também justifica a necessidade do laboratório multiusuário. Microscópios eletrônicos de varredura, de transmissão, de força atômica, de fluorescência e outros disponíveis contribuem para pesquisas que estão nas fronteiras do conhecimento. “As imagens permitem identificar novas espécies de plantas e animais, detalhes de células, de polímeros, de solos, enfim, estamos equipados como as melhores universidades do mundo”, declara o professor Serrão.

O NMM também atende às demandas de outras universidades, inclusive estrangeiras.  Os usuários pagam valores simbólicos que ajudam na manutenção dos equipamentos. Mas a maior parte dos investimentos fica por conta de projetos de agências financiadoras. “Costumamos dizer que qualquer reparo em um equipamento destes pode custar cinco dígitos”, brinca Gilmar. Por isso, os usuários são constantemente acompanhados pelos técnicos responsáveis.

O NMM funciona na casa 22 da Vila Giannetti. Para agendar o uso dos equipamentos disponíveis basta seguir as instruções deste link.

(Léa Medeiros)

O professor José Eduardo Serrão é coordenador do NMM