Campus Viçosa

UFV debate impactos da instalação de mineroduto em Viçosa

19/11/2014

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Diversos cartazes fixados na entrada do auditório do Departamento de Engenharia Florestal e um modelo de ribeirão produzido com papel celofane atraíram a comunidade universitária para participar, nesta terça-feira (18), do debate sobre os impactos da instalação do mineroduto da empresa Ferrous em Viçosa. O evento aconteceu durante toda a tarde, com o objetivo de embasar o posicionamento oficial da UFV sobre o assunto.

A Universidade criou uma comissão especial para discutir esses impactos, presidida pelo professor do Departamento de Educação Felipe Nogueira Bello Simas (primeira foto). Órgãos como a prefeitura, a Câmara Municipal e o Serviço Autônomo de Água e Esgoto de Viçosa (Saae) já avaliaram o projeto do mineroduto e indicaram que os estudos de impacto ambiental apresentados pela Ferrous são insuficientes e possuem erros.

Atualmente, devido a manifestações e laudos apresentados, o projeto foi suspenso pela empresa até 2016 e o Ministério Público exigiu que ela refaça o estudo de impacto ambiental do trajeto em Viçosa. A Ferrous foi convidada para participar do debate desta terça-feira (18), mas justificou sua ausência com uma declaração de estar preparando esse segundo documento.

Discussões
O debate foi iniciado pelo professor Felipe, que apresentou um histórico do processo do empreendimento – que acontece desde 2009 – e explicou como um sistema de tubulações é instalado para transportar minérios a longas distâncias, além dos impactos que ele traz para o ambiente. De acordo com ele, o mineroduto da Ferrous terá cerca de 400 quilômetros de extensão e passará por 22 municípios, entre Congonhas (MG) e Presidente Kennedy (ES). Em Viçosa, ele ocupará um trajeto de 13,3 quilômetros, divididos em 91 propriedades rurais e interferirá em nascentes dos rios Turvo Limpo e Turvo Sujo e do ribeirão São Bartolomeu. No campus Viçosa, o empreendimento poderá prejudicar o abastecimento de água e as atividades de uma área experimental do Departamento de Fitotecnia em Coimbra (MG).

Depois dessa introdução, alguns convidados se posicionaram em relação ao projeto. O primeiro foi o coordenador técnico da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais (Emater), Marcelo Libâneo (foto abaixo), que alertou que as atenções não devem ser direcionadas apenas para a instalação do mineroduto, mas para o uso da água desordenado e sem cuidados que vem acontecendo há décadas e sofrendo com a expansão urbana e com a falta de investimentos em captação, por exemplo. Seguindo o raciocínio, o chefe da Divisão de Água e Esgoto da UFV, Rafael Bastos, disse que o ambiente está muito fragilizado para receber o empreendimento e que um mineroduto também apresenta riscos durante o seu funcionamento – como rompimento de tubulação e contaminação de água.

Constatações de prejuízos e sugestões de mudança do trajeto do mineroduto foram abordadas pelo diretor-presidente e pelo Engenheiro Civil e Sanitarista do Saae, Antônio Lima Bandeira e Sânzio José Borges, respectivamente, e pelo professor do Departamento de Fitotecnia Caetano Marciano de Souza, que explicou que o empreendimento interromperia pesquisas que estão em andamento na área experimental desde a década de 1980.

Como presidente da comissão especial, o professor Felipe afirmou que o conteúdo do estudo de impacto ambiental, que embasa o licenciamento ambiental da empresa, possui erros. Como exemplo, ele citou o fato de a Ferrous relatar a inexistência do uso de água jusante (para onde se dirige a água corrente de um curso de água), sendo que ele acontece pela cidade e pela Universidade. “Os estudos são falhos e, mesmo que fossem mais completos, existe um problema grave, que é o princípio da precaução diante da fragilidade da bacia do São Bartolomeu”, disse.

De acordo com o professor Felipe, o debate foi importante para a UFV recolher elementos para se posicionar oficialmente em relação à instalação do mineroduto da empresa Ferrous em Viçosa, apesar de ter esperado uma participação maior do público. A partir de agora, segundo ele, a comissão especial produzirá o documento para apresentar para o Conselho Universitário (Consu). A previsão da apresentação do posicionamento oficial da instituição ainda não existe.

Vale destacar que também participaram do evento outros representantes da UFV e da cidade; a procuradora da República e representante do Ministério Público, Gabriela Saraiva; o representante da Associação de Geógrafos Brasileiros, Luís Henrique Viana; e o prefeito Ângelo Chequer, que afirmou que será contra algo que prejudicará a comunidade.

 

(Coordenadoria de Comunicação Social)

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